Os livros de história do Brasil terão enorme dificuldade em descrever o surto coletivo pelo qual o país se meteu após o surgimento do bolsonarismo. A pós-verdade passou a ser o cotidiano de pessoas que ficam hipnotizadas com palavras mágicas como: Deus, pátria, família e liberdade.
Basta Jair Bolsonaro proferir essas quatro palavras para ativar o gatilho mental de seus seguidores fanatizados.
Jair Bolsonaro sempre praticou o contrário de tudo aquilo que ele propaga como tática de pânico moral, seja no casamento, seja na religião, seja na vida patrimonial.
Aliás, Bolsonaro trata-se de uma um exemplo clássico de quem mistura política e religião da forma mais perversa possível, capturando líderes religiosos para que estes se transformem em fiéis cabos eleitorais.
Uma prática abominável que transforma política em seita religiosa.
E quem mais sofre com esse jogo cínico de poder são as pessoas mais humildes e incautas, que são manipuladas facilmente por aqueles que se autointitulam líderes religiosos e que negociam os votos daqueles, considerados como seus “rebanhos”. Quanto maior o “rebanho” de fiéis, maior é o poder de barganha do líder religioso.
E é com táticas sorrateiras como esta que o ex-presidente Jair Bolsonaro está tentando convencer seus seguidores fanatizados de que fará uma manifestação na Avenida Paulista pela democracia. Vejam só, pela democracia. Logo ele, que conspirou abertamente ao longo de todo seu mandato de presidente da República contra as instituições democráticas brasileiras.
Esse discurso de Bolsonaro e seus aliados políticos, de defender a democracia, era para ser apenas mais um exemplo de manipulação deslavada, ou mentira puramente, mas lamentavelmente não é assim que muitos dos seus seguidores fanatizados assimilam.
Fala-se em seguidores fanatizados pelo fato de Jair Bolsonaro ainda ter simpatizantes que o seguem por outros motivos, como se fosse time de futebol, mas que ainda não se enquadram na categoria “fanatizados”, e esses não fanatizados sabem reconhecer muito bem que Bolsonaro nunca teve a mínima condição de estar no mais alto posto político da República Federativa do Brasil, e também reconhecem que o ex-presidente sempre teve, antes mesmo de assumir a Presidência, ideias e posturas ditatoriais, que em nada combinam como democracia.
Acontece que nessa realidade paralela da “seita Bolsonarista” os incautos propagam nas redes sociais as mais diversas teorias da conspiração nas quais Bolsonaro é “vítima” de perseguição do Judiciário, especialmente do ministro Alexandre de Moraes.
O resumo é mais o menos o seguinte: o Brasil esteve à beira de ser jogado no abismo de uma ditatura, com um golpe de Estado articulado e parcialmente executado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e vários de seus ministros, conforme provas já levantadas pela Polícia Federal e mencionadas em decisão judicial do STF, mas agora que os órgãos de fiscalização estão fazendo o seu trabalho investigativo e o Poder Judiciário está fazendo seu trabalho de julgar, o ex-presidente Bolsonaro tenta promover uma desordem social para demonstrar algum apoio popular para tentar se tornar a única pessoas acima das leis penais brasileiras.
Mas isso não vai acontecer. Os responsáveis pela arquitetura do golpe de Estado devem ser rigorosamente processados, julgados e condenados, na medida das suas responsabilidades.
E as pessoas que estão propagando, compartilhando, comentando conteúdos nas redes sociais incitando outras pessoas a praticarem atos tipificadas no Código Penal brasileiro - como a abolição violenta do Estado Democrático brasileiro – devem saber que suas condutas também são passíveis de responsabilização criminal, independentemente se são pessoas incautas e manipuladas por líderes religiosos ou políticos.
Que os condenados dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 sirvam de exemplos para estes que estão atuando atualmente nas redes sociais para propagar teorias conspiratórias. Lembrem-se: a média da condenação daqueles que incentivaram e invadiram as sedes dos três Poderes foi de 17 anos de prisão.
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