Com o anúncio de ontem (29), o presidente eleito e diplomado, Luiz Inácio Lula da Silva, fechou sua lista de ministérios para a gestão 2023-2026, totalizando 37 pastas. As mulheres estarão a frente de 11, número que supera governos anteriores, mas ainda longe de projetar igualdade de gênero.
Desde a campanha, Lula anunciava que em seu governo haveria um quadro mais feminino, caso fosse eleito. Cumpriu essa promessa, ainda que não o tenha equiparado ao de presença masculina, que ainda é predominante. Um avanço sim, mas é preciso fazer mais. E reivindicar isso não é nenhum favor. Afinal as mulheres representam cerca de 53% da população brasileira.
Comemorar o aumento do espaço ocupado nesse governo federal é positivo, mas é imperativo exigir mais que isso. A metade seria o mais justo. E é possível chegar nesse patamar, pois qualificação elas têm, o que falta é disposição política para equilibrar as forças nessas disputas.
As onze mulheres que estarão no governo Lula se destacam em suas respectivas áreas e conseguiram chamar a atenção do presidente eleito para a real necessidade de serem inseridas na linha de frente de áreas estratégicas e relevantes no cenário político.
Separamos quatro destaques nessa lista que precisam ser apontados. A começar pela Cientista Política Nísia Trindade, que será a primeira Ministra da Saúde do Brasil. Até aqui essa pasta só havia sido ocupada por homens. Ela também foi a primeira mulher a presidir a Fundação Oswaldo Cruz, a Fiocruz, em 2017.
Da mesma forma a futura Ministra da Cultura, Margareth Menezes, que entra para um rol seleto de mulheres a ocupar o cargo, ocupado apenas por outras três no passado recente, todas nos governos de Dilma Roussef.
Anielle Franco, que comandará o Ministério da Igualdade Racial, precisa ser exaltada por diversos motivos, pois além de sua qualificação técnica e por ser uma importante ativista nas questões raciais, ela também é irmã da vereadora Marielle Franco, assassinada em março de 2018, no exercício de sua atividade parlamentar. Caso que ainda está em investigação e sem desfecho.
E o recém-criado Ministério dos Povos Indígenas, ocupado pela importante liderança Sônia Guajajara, ganha contornos relevantes por se tratar de uma pasta nova e iniciar sob o comando de uma mulher.
Costumam ser comuns as trocas de nomes no decorrer dos mandatos, por isso é provável que esse quadro mude até o fim desse governo. E quando isso ocorrer, que sejam substituídas por outras mulheres. E mais, que elas sejam consideradas em trocas de ministros também.