Mini-bio: Relações Públicas. Mestre em Ciências da Comunicação.
O filme espanhol “As Linhas Tortas de Deus”, lançado em 2022 pela Netflix, é baseado no livro “Los renglones torcidos de Dios”, de 1979 escrito por Torcuato Luca de Tena.
A direção tem assinatura de Oriol Paulo e um elenco muito premiado. Além da protagonista, a atriz Bárbara Lennie, têm as belíssimas atuações de Pablo Derqui, Eduard Fernández e Loreto Mauleón.
A sinopse oficial diz o seguinte: “Alegando sofrer de paranoia, uma detetive particular se interna em um hospital psiquiátrico para investigar a morte de um dos pacientes”. Esse é o fato mais visível desse suspense e que não dá (como tem de ser, claro) a dimensão do mundo vivido naquele lugar.
Alice recebe uma missão assustadora, de desvendar os mistérios que cercam a morte de um dos pacientes daquele hospital. Ela mergulha naquele universo para ganhar a confiança dos pacientes e também da equipe de saúde do hospital e assim ter elementos para concluir o caso.
Os personagens mais próximos de Alice se revelam com suas histórias ricas e complexas. É impossível não se apegar a algumas delas e torcer para que o caso seja resolvido.
São mais de duas horas e meia de filme, que provoca tensão o tempo inteiro, mantendo a atenção do público, que constantemente é levado a crer em dois possíveis caminhos para o desfecho da trama. E o final é, simplesmente, surpreendente.
O filme não é baseado numa história real, mas o autor do livro que inspirou o filme conversou por três semanas com médicos, pacientes e visitantes de um hospital psiquiátrico em Conxo, região de Santiago de Compostela.
Tempos depois essa instituição foi investigada sob a denúncia de imperícia e abusos, físicos e emocionais, contra pacientes. O denunciante foi o médico psiquiatra Juan Antonio Vallejo-Nágera, que ajudou na elaboração do livro.
Diz o dito popular: Deus escreve certo por linhas tortas. Essa frase diz que nós, humanos, não somos capazes que compreender os caminhos tortuosos que enfrentamos para alcançarmos o que desejamos da vida, somente Deus. E mesmo que por caminhos nada convencionais, no final tudo dá certo.
É bem bonito pensar assim. É revigorante. Mas, talvez, essa não seja a melhor maneira de compreender algumas questões da vida, o que torna esse ditado pouco plausível para justificar tantas adversidades.
Respira fundo, mergulha nesse filme e faça suas próprias reflexões sobre as linhas tortas da vida.