04/08/2023 às 15h37min - Atualizada em 04/08/2023 às 15h37min

Mãe solo não é heroína

Sem romantismos e sem meritocracia, elas precisam de acolhimento e rede de apoio

Luciana Hage

Luciana Hage

Mini-bio: Relações Públicas. Mestre em Ciências da Comunicação.

Erin Brockovich: uma mulher de talento, filme baseado em uma história real, foi lançado em 2000 e traz Júlia Roberts como protagonista. A direção é assinada por Steven Soderbergh, com roteiro de Susannah Grant.

A personagem principal é uma mulher, mãe (solo) de três filhos e que se encontra em dificuldade para encontrar trabalho e sofre por não conseguir garantir o sustento da família. Uma realidade dura para milhares de mulheres no mundo.

Ela é persistente e segue na busca por oportunidades dignas. Mas sua condição, de mulher e mãe, é sempre colocada como uma questão desfavorável. O julgamento alheio parece inevitável para quem não consegue compreender o desespero de uma mãe nessas condições.

O velho ditado popular diz que “água mole em pedra dura tanto bate até fura”. Depois de muitos “nãos” e com alguma sorte, Erin conseguiu uma vaga de emprego no arquivo de um pequeno escritório de advocacia.

Tudo parecia bem corriqueiro, até que ela se viu diante de alguns documentos, que a permitiram observar que algo de errado não estava certo. Então as coisas começaram a mudar na vida dessa mulher.

Claro, que nada foi tão fácil assim e tampouco Erin deixou de sofrer com os preconceitos das pessoas ao seu redor. Até mesmo o companheiro gentil e amoroso que apareceu no meu do caminho não foi tão compreensivo quando ela passou a ter prestigio profissional.

Ajeita uma coisa de um lago e escangalha de outro. A vida como ela é. É comum, ao que se nota pelas vivências das mulheres, que os homens tendem a se incomodar bastante quando elas conquistam vitórias além do que eles esperavam delas. Estranho isso, mas acontece muito.

Enfim! Apesar disso, ela ignora a descrença das pessoas em seu entrono e mergulha mais a fundo no trabalho e acumula vitórias importantes na vida profissional e pessoal.

O final da história é inspirador e o sentimento de justiça prevalece. Mas há um grande perigo nisso tudo, o de romantizar esses casos, que infelizmente são raros, já que a maioria das vezes o final não é nada feliz.

Uma mãe solo não é uma heroína, não é uma guerreira e muito menos uma super mulher, capaz de aguentar todas as pancadas da vida. Uma mãe solo é uma pessoa fragilizada, que precisa de uma boa rede de apoio para dar conta de vidas, a sua e as da cria.

Mulheres nessas condições necessitam ser acolhidas para que consigam buscar possibilidades dignas de sustendo para suas famílias. Precisam não ser julgadas, afinal são vítimas, muitas vezes, de homens incapazes de desempenhar o papel responsável de pai.

Portanto, nem todas têm a chance de se tornarem Erin Brockovich, mas todas são capazes de construir uma boa história como a dela, desde que tenham o apoio necessário.

A história real, que inspirou esse filme, deve ser muito aplaudida. Com certeza não foram mencionadas nem a metade das situações humilhantes a que esta mulher passou na vida. Por isso a conquista dela deve ser celebrada.

O filme é incrível, não atoa Julia Roberts ganhou Oscar e Globo de Ouro por sua atuação. É uma boa dica para esse final de semana.
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