05/07/2023 às 17h13min - Atualizada em 05/07/2023 às 17h13min

André Valadão e a lógica do Cristão moralista

A religião como instrumento de incitação ao ódio às minorias

Luciana Hage

Luciana Hage

Mini-bio: Relações Públicas. Mestre em Ciências da Comunicação.

É impossível não sentir repulsa pelas palavras proferidas pelo pastor da igreja batista da lagoinha, André Valadão, dentro de um templo nos EUA.

Para quem não está ligado nas notícias (acho improvável, mas...) o tal senhor resolveu, mais uma vez, atacar a comunidade LGBTQIAPN+ em culto para fiéis norte-americanos, e muitos brasileiros, de certo.

Sugeriu ele, numa cena grosseira onde afirma saber o que Deus quer para a humanidade, que aqueles que não aceitam as relações amorosas entre pessoas do mesmo sexo, teriam de fazer o “trabalho sujo” por Deus, já que Ele não poderia mais fazê-lo.

Como pode uma pessoa religiosa sugerir que Deus quer o fim de outras pessoas? Em qual parte da Bíblia esse tipo de crime é divino? Aliás, que Bíblia é essa que pastores estão lendo e regurgitando aos seus fiéis? E que fiéis são esses que ao ouvir tamanho absurdo ainda permanecem dentro da Igreja?

De uns tempos para cá muitas igrejas e pastores resolveram mirar em grupos minorizados. As casas de religiões de matriz africanas têm sofrido com os discursos demoníacos que nascem dentro de igrejas.
Cada vez mais mulheres são bombardeadas pelos discursos antifeministas, que tenta impor uma ordem medieval de submissão, onde os homens devem conduzir a vida delas. E afirmam que sábia é aquela que, passivamente, obedece.

E são sempre eles a disseminar tamanhas barbaridades. De um modo geral, homens, brancos, héteros, cis e, provavelmente, temerosos com a luta da sociedade por equidade de direitos entre todas as pessoas.
A cada movimento da sociedade no sentido de exigir direitos, os fundamentalistas gritam palavras de ordem forjadas numa interpretação bizarra da Bíblia, para justificar suas inabilidades de conviver com as diferenças.
Forçam numa linguagem religiosa a justificativa para seus próprios preconceitos. Dizem saber o que Deus quer de cada ser humano. Se colocam numa posição de superioridade para convencer seguidores de seus impropérios.

Buscam no Deus do Velho Testamento o embasamento para incitar crimes contra seus iguais. E deliberadamente escolhem ignorar as palavras lindas de amor que Jesus proferiu em sua passagem por esse mundo.
Amar a Deus sobre todas as coisas e amar ao seu próximo como a si mesmo são alguns dos lemas mais lindos que a Bíblia mostra. Os exemplos de Jesus, que mesmo diante de seus algozes e da dolorosa morte perdoou os que lhe fizeram mal, não são suficientes para abrandar os corações apodrecidos de certos religiosos e líderes.

Então, caros pastores e religiosos, se são incapazes de compreender os ensinamentos de amor do Filho do Homem, reneguem sua fé e assumam de vez que estão a serviço de outra entidade. E parem de falar em nome Daquele que vocês desconhecem.

E que a justiça dos homens seja feita!
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