Pesquisa da UFPA aponta crescimento da violência contra a mulher durante a pandemia

Violência psicológica foi a que mais aumentou, segundo a pesquisadora

Fernando Moura
08/04/2022 20h11 - Atualizado em 08/04/2022 às 20h11

Uma dissertação de mestrado da Universidade Federal do Pará aponta que durante os períodos de isolamento social causados pela pandemia da covid-19 houve o aumento do número de ocorrências de casos de violência contra a mulher. A pesquisadora e advogada Cynthia Fernanda Santana revela que o crescimento se deu, pois as mulheres foram obrigadas a conviver 24 horas com seus agressores.

Com o título “Violência Doméstica contra a mulher em contexto da Covid-19”, a dissertação avaliou dados sociais, inclusive do Fórum de Segurança Pública, que avaliaram os casos de agressões contra mulheres dentro de seus lares. Com as informações levantadas pela pesquisadora, foi possível a criação de uma cartilha informativa com o objetivo de prestar apoio às mulheres que sofrem abusos domésticos, mostrando as ações para denunciar o agressor e salvar a própria vida.

Dados da pesquisa apontam que a média de idade das vítimas de violência doméstica varia entre 35 e 64 anos, que representam cerca de 54% dos casos. O tipo de violência que mais obteve registos nesse período foi a psicológica, com 88% de crescimento.

Para Cynthia, a violência doméstica ocorre em todas as classes sociais e pode acontecer nas formas verbal, física, psicológica, patrimonial ou moral, com preocupação nos casos de aumento de feminicídio, que é o atentado contra a vida da mulher. “Durante a pandemia, o número de ocorrências na Delegacia da Mulher caiu, mas em contrapartida, as denúncias anônimas pelo Disque Denúncia aumentaram. O que simboliza que a violência estava acontecendo, mas as mulheres não conseguiam denunciar por estarem isoladas com seus agressores”, ela explica.

Entre os anos de 2020 e 2021, uma em cada quatro mulheres acima dos 16 anos já sofreu algum tipo de violência de seu parceiro segundo dados do Instituto Datafolha. Para Cynthia, o isolamento social criou barreiras para que a vítima denuncie seu agressor. “A dificuldade começa com a presença mais constante do agressor dentro de casa, passando pelo medo de denunciar e a falta de transporte para a vítima”, afirma.

Ao final da pesquisa, Cynthia produziu uma Cartilha Educativa com informações sobre violência doméstica que foi disponibilizada gratuitamente na internet pelo link: https://ppgsp.propesp.ufpa.br/index.php/br/81-pesquisa/producao-tecnica/275-cartilhas’1kj
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