Da esperança à frustração: os seis meses de mandato do prefeito Aurélio Goiano em Parauapebas

Reflexões

27/06/2025 06h13 - Atualizado há 4 dias

Com expressiva votação de 58,53% dos votos válidos, Aurélio Goiano tornou-se prefeito de Parauapebas nas eleições municipais de 2024.

A votação expressiva, sem dúvida, representou um estrondoso voto de protesto da sociedade parauapebense contra a gestão capenga do então prefeito Darci Lermen, que administrou seus dois mantados consecutivos (2017 a 2020 e 2021 a 2024) em conjunto com todos os vereadores da base aliada.

Em outras palavras, para o bem e para o mal, quase todos os mandatários municipais (prefeito e vereadores aliados) foram responsáveis pela gestão que se arrastou até o ano de 2024.

Contudo, a falta de rumo no final do governo e a apatia generalizada do secretariado de Darci, quase todos ligados a algum vereador ou partido político, deixavam claro que o governo seria entregue a qualquer um que personificasse de maneira mais clara a imagem da oposição, que no caso foi Aurélio Goiano.

Para além de um governo perdido, não se pode esquecer que Aurélio possuía dois fortes instrumentos político-eleitorais em mãos, a rádio e a Tv, que foram fundamentais para a projeção da sua imagem perante o eleitorado e sua vitória nas urnas.

Para os eleitores de Aurélio, a sua vitória representava uma dura resposta àquele modelo de governo que não se sustentava mais. As pessoas que estavam à frente do governo à época nem sequer formavam um grupo, eram, na verdade, um amontoado de pessoas sem direção.

Após a vitória nas urnas, seria natural que o prefeito eleito pudesse desfrutar do sucesso eleitoral e “curtir o período” entre a vitória nas urnas e o dia da posse sem que tivesse sobre seus ombros toda a responsabilidade que é administrar uma máquina pública do tamanho de Parauapebas.

Por outro lado, a vitória nas urnas também já atribuía a Aurélio uma obrigação legal de cuidar da transição de governo para que no dia 01 de janeiro de 2025 o planejamento realizado na transição pudesse guiar seus primeiros atos.

Contudo, entre a vitória nas urnas e o dia da posse, Aurélio Goiano acumulou tanta confusão nas redes sociais que quando seu governo fez 100 dias parecia que já estava no final do mandato, tamanha foi a avalanche de crises que se meteu entre a transição e seus primeiros dias de governo.

Mesmo assim, com um pouco de esforço, seus eleitores poderiam “relativizar” (passar pano) alguns dos desgastes produzidos atribuindo tais erros à empolgação de início de mandato, tendo em vista que ser prefeito é algo bem diferente do que ser vereador de oposição.

Afinal, apontar erros evidentes é mais fácil do que identificar a solução. E está tudo certo. O errado é não apontar, mesmo quando se é um aliado.

Mas algo aconteceu com Aurélio Goiano. Ele deixou de ter aquela postura de quando era um vereador combativo, que conseguia identificar falhas administrativas da gestão, e passou a ativar aquilo que se chama de cegueira deliberada.

Dispensas de licitação completamente às margens do rigor da lei, falta de transparência que compromete integralmente o controle social, pagamentos de contratos administrativos que claramente não possuem a contraprestação devida, empresas e consórcios que não possuem a menor condição de executar seus contratos, dentre tantas outras coisas que não cabem a este editorial detalhar.

O que se quer evidenciar no presente editorial são as façanhas (negativas) que Aurélio Goiano conseguiu em seis meses de governo.  Primeiramente, Aurélio está conseguindo ser uma fábrica de instabilidade e produção de crises maior do que o ex-prefeito Valmir Mariano (2013-2016).

Aurélio, em seis meses, já possuí mais material jurídico contra si do que os dois períodos de governo do ex-prefeito Darci Lermen.

Aurélio, com um microfone, consegue criar mais crises institucionais e desgastes políticos do que qualquer outro gestor na história da cidade.

Aurélio, com sua clara postura de desequilíbrio comportamental, cria mal-estar nos mais diversos espaços institucionais, seja numa audiência com um juiz, numa audiência com uma concessionária de serviço de energia, seja dentro do parlamento municipal, quando ataca gratuitamente religiões que não congrega.

Aurélio se transformou naquele prefeito que, sem nenhum pudor, zomba da opinião pública e dos órgãos de controle quando publica em suas redes sociais um vídeo no qual aparece pescando, na maior tranquilidade, mesmo quando seu governo está atravessando as mais diversas crises, inclusive na área da saúde pública.

É verdade que terá apoiadores que irão aplaudir suas atitudes insanas, suas “lacrações”, especialmente aqueles que estão sendo beneficiados de alguma forma pelo governo. Mas a verdadeira resposta do povo vem na hora certa, pois o mesmo povo que coloca na cadeira é o mesmo que retira, especialmente quando o esculacho é explícito, em tom de deboche, exatamente como Aurélio está fazendo com a sociedade.

Aurélio nunca foi um candidato que externalizasse qualquer condição técnica que pudesse sugerir que ele conduziria uma máquina como a de Parauapebas de forma eficiente, e ele nunca nem sequer tentou maquiar isso, é verdade. Mas é incrível como em apenas seis meses Aurélio conseguiu apequenar sua imagem política após a grande vitória que teve nas urnas.

Pelas informações que se tem dos bastidores e dos dados abertos, o governo deve colapsar em pouco tempo, e muito se dá pela repetição dos mesmos erros que outrora Aurélio dizia “combater”. É lamentável, pois Parauapebas precisava respirar dias melhores, mas do jeito que as coisas estão caminhando o caos generalizado deve se instalar em pouco tempo, caso não haja uma mudança substancial de rumo.


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