28/06/2023 às 13h34min - Atualizada em 28/06/2023 às 13h34min

De GLS a LGBTQIAPN+

Mais que um emaranhado de letras, um movimento pela vida

Luciana Hage

Luciana Hage

Mini-bio: Relações Públicas. Mestre em Ciências da Comunicação.

Dia 28 de junho foi instituído como o Dia do Orgulho LGBTQIAPN+. Num passado não muito recente a sigla era mais simples de pronunciar, o famoso GLS (gay, lésbicas e simpatizantes), ao mesmo tempo mais difícil de entender.

GLS não dava a dimensão da pluralidade da comunidade do arco-íris, considerava apenas duas sexualidades (gay e lésbicas) e tentava inserir as outras possibilidades na letra S (simpatizantes). Ou seja, deixava de fora muitas pessoas que faziam parte do movimento.

Depois veio a sigla GLBT (gays, lésbicas, bissexuais e travestis/transexuais), mas não durou muito e logo evoluiu para LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e travestis/transexuais), até chegar ao que hoje é LGBTQIAPN+ (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, queer, intersexuais, assexuais, pansexuais, não binárias). O + simboliza a infinidade de outras identidades e sexualidades.

A colocação do L antes do G não foi aleatória, foi um movimento no sentido de colocar as mulheres como protagonistas do movimento, que até então tinham os homens gays como centro. 

As mulheres têm também um papel de grande relevância para que o dia 28 de junho se tornasse o Dia do Orgulho, comemorado no mundo todo. A referência é a rebelião de Stonewall In, liberada por uma mulher transexual.
Essa rebelião aconteceu na cidade de Nova Iorque em 28 de junho de 1969, numa “batida” de policiais ao bar Stonewall In. Essas incursões sempre resultavam em prisões e apreensões, mas no fatídico dia tudo foi diferente. Resistência, nenhuma prisão e alguns dias muita luta.

A personagem mais importante desse movimento foi Marsha P. Johnson, uma mulher transexual negra, que desde muito cedo esteve na linha de frente das violências comuns as pessoas que não se enquadram no sistema heteronormativo. Começando pela própria família, que não a aceitava.

Marsha foi encontrada morta em 1992 sob a alegação de suicídio, o que é contestado por amigos e ativistas da causa, que acreditam na versão de homicídio por crime de ódio.
No Brasil o movimento LGBTQIAPN+ tem muitas histórias de lutas. A mais conhecida se insurgiu durante a ditadura militar, na região sudeste. Mas há registros de movimentos iguais pelo Brasil afora antes mesmo desse período.

Um marco inegável importante foi a primeira Parada do Orgulho em 1997, em São Paulo (capital), antes chamada de Parada Gay. E hoje é considerada a maior do mundo.
E mesmo com todos os avanços já conquistados, como a Lei que criminaliza a homofobia, o Brasil é o país de mais mata pessoas Transexuais e Travestis no mundo, pelo décimo quarto ano consecutivo. 
Os dados são do “Dossiê Assassinatos e violências contra travestis e transexuais brasileiras”, produzido pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), que mostrou que em 2022 foram 131 pessoas mortas em todo Brasil.

Outro dado, apresentado pelo Grupo Gay da Bahia, mostra que a cada 29 horas uma pessoa LGBTQIAPN+ é morta no país. Em 2021 foram 300 pessoas assassinadas de forma violenta.
É por tudo isso que cada vez mais se faz necessário a reafirmação dos direitos à vida para todos os indivíduos LGBTQIAPN+. Muito já foi feito, mas é urgente que hajam avanços para que pessoas não sejam mortas pelo fato de serem o que são. 

Orgulho, nesse contexto, é sinônimo de resistência. Então, que tenhamos orgulho todos os dias!
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