Mini-bio: Relações Públicas. Mestre em Ciências da Comunicação.
Afinal de contas, por que será que as mulheres não conseguem alcançar a igualdade na representação da política institucionalizada dos parlamentos? São muitos os fatores que podem estar levando mulheres a não considerar outras mulheres como suas representantes. Mas, com certeza não é por falta de candidatas aos cargos eletivos, principalmente nas eleições proporcionais.
Em 2022 o número de registro de candidaturas foi recorde, 3.548 se candidataram à Câmara dos Deputados, isso representa 33% do total. É um número para se comemorar, mas ainda é preciso melhorar, e muito.
Mesmo com os recursos do fundo partidário que, nas últimas eleições, considerou os votos femininos em dobro para o repasse de verbas, não foi possível ter uma equidade de mulheres na disputa.
Com menos mulheres na disputa e sem o incentivo necessário, especialmente financeiro para arcar com as despesas de uma candidatura, os homens seguem em maior evidência para o eleitorado.
Os homens ganham mais espaço midiático e mais recursos financeiros para dialogar com eleitores em seus redutos eleitorais. Dessa forma o jogo da política fica desequilibrado e balança pesa bem mais em favor deles.
Ainda que se saiba que mulheres são atuantes na política, em vários setores da sociedade, seja em movimentos sociais organizados ou não, seja nas campanhas de seus companheiros ou companheiras, elas são constantemente desencorajadas a estarem na linha frente.
Quando conseguem ter êxito na campanha e são eleitas, passam a enfrentar outro problema, a misoginia e o machismo por parte dos colegas, que não perdem uma oportunidade de “mostrar” a elas quem manda naqueles lugares.
Os xingamentos que elas sofrem, em sua grande maioria, é no sentido de questionar sua inteligência, seu corpo e sua sexualidade. Isso quando não vem acompanhado de ameaças à sua integridade física.
Não se pode esquecer de como atacavam a ex-presidenta Dilma Roussef pelo fato dela não ter marido. Além dos constantes questionamentos sobre a sexualidade dela. Qual seria a relevância disso? Nenhuma, claro. A intenção era de desmoralizá-la perante uma sociedade moralista e hipócrita. Em alguma medida conseguiram, infelizmente.
Outros dois casos recentes reforçam esse tratamento medonho a que elas estão submetidas. A Deputada Federal Tábata Amaral foi condenada a pagar multa e custas processuais ao homem que a ameaçou de desfigurar seu rosto.
E o da, também Deputada Federal, Sâmia Bonfim que vem se destacando nos trabalhos da CPI do MST e constantemente tem tido seu microfone cortado pela mesa diretora durante seus interrogatórios e defesa de suas posições.
Tudo isso reforça no eleitorado feminino a visão míope de que política não é lugar para mulheres e que os homens estão melhor preparados para atuar nesses ambientes. E isso não é verdade.
A realidade é que precisamos ter mais mulheres nas casas legislativas, executivas e no judiciário também. Mulheres comprometidas com as pautas das mulheres, especialmente com aquelas que mais sofrem com falta de acesso aos serviços públicos.
As próximas eleições já se avizinham e teremos mais uma chance de mudar esse jogo em favor das mulheres. Precisamos de mais vereadoras e prefeitas comprometidas a equilibrar o jogo político em favor das mulheres.