05/04/2023 às 14h28min - Atualizada em 05/04/2023 às 14h28min

Não! Bolsonaro e o bolsonarismo jamais poderão representar uma opção viável para o Brasil, para o bem da Democracia

Jair Bolsonaro (Reprodução: internet)
Em data recente, a Folha de São Paulo, um dos maiores veículos de comunicação do Brasil, publicou editorial no qual levantava a possibilidade do bolsonarismo ser uma opção viável ao petismo, caso deixasse de lado o discurso violento. Momento seguinte, promoveu uma correção na conclusão do texto, sob a justificativa segundo a qual a conclusão inicialmente veiculada não havia sido aprovada pela equipe editorial.

O presente editorial do Jornal Pará fará uma breve reflexão sobre o editorial mencionado acima. Nesse sentido, fazendo um esforço descomunal para tentar alcançar a reflexão do editorial da Folha, seria necessário fazer algumas indagações. Vamos a elas.

Ah, mas se o bolsonarismo deixar de propagar discurso de ódio?

Ah, mas se o bolsonarismo deixar de usar a mentira e a desinformação deliberadamente como instrumento político e de manipulação das massas?

Ah, mas se o bolsonarismo deixar de propagar ataques insanos contra as instituições no intuito de descredibilizá-las perante a sociedade para depois tentar capturá-las?

Ah, mas se o bolsonarismo deixar de agir deliberadamente para implodir os pilares da democracia incitando multidões contra as instituições e autoridades públicas?

Ah, mas se o bolsonarismo deixar de atuar para descredibilizar o processo eleitoral no qual ele próprio se elegeu apenas para desinformar parte do eleitorado e se colocar como vítima de uma grande armação do sistema?  

Ah, mas se o bolsonarismo deixar de aparelhar as forças de segurança pública ao mesmo tempo que seu líder atua para fanatizar parte desses agentes públicos com discursos golpistas?

Ah, mas se o bolsonarismo renunciar as atitudes antidemocráticas, não seria ele uma opção viável ao petismo ou poderia dar vigor à política brasileira?

Não!

Não existe a mínima possibilidade de Bolsonaro ou o bolsonarismo abrirem mão dessas características, pois são inseparáveis.

Não há bolsonarismo sem discurso de ódio, não há bolsonarismo sem que haja o objetivo de implodir as estruturas da democracia por dentro, uma a uma.



Alexandre de Moraes, do STF, determina à PF que realize os depoimentos dos presidentes do Google, Meta, Spotify e Brasil Paralelo; veja decisão



Não há bolsonarismo sem que os instintos mais primitivos do ser humano sejam ativados com palavras ou frases de efeitos colocando alguém ou uma instituição da República como alvo.

Não há bolsonarismo sem que o culto estratégico à personalidade do líder seja cuidadosamente trabalhado ao mesmo tempo que sua imagem seja vinculada à religiosidade das pessoas incautas, resultando num fanatismo jamais visto no Brasil.

Não há bolsonarismo sem que, ao mesmo tempo que se trabalha a divinização do líder, seja promovida a destruição dos pilares da República para que aquele seja o salvador.

Não há bolsonarismo sem que seja trabalhada a fidelização cega e messiânica de seus seguidores.

Não há bolsonarismo sem que seja trabalhado o descrédito das instituições ao mesmo tempo em que se trabalha a implantação de uma cultura armamentista até outro dia inexistente no Brasil, resultando em exércitos civis dispostos a enfrentamento armado.

Não há bolsonarismo sem que a imprensa crítica seja totalmente amordaçada.

Não há bolsonarismo sem que o Judiciário seja aparelhado com cotas societárias majoritárias e obedientes indicadas pelo líder supremo, com direito ao reconhecimento desse objetivo espúrio em pronunciamentos públicos, às claras, sem qualquer pudor.

Não há bolsonarismo sem que as minorias tenham que se curvar à maioria, ou se adequem, ou então desapareçam.

Não há bolsonarismo sem que as informações básicas sobre uma pandemia devastadora sejam deliberadamente sonegadas por medo de o impacto que poderia gerar à economia arranhasse a imagem do seu governo.

Não existe bolsonarismo sem que cilindros de oxigênios sejam sonegados ao Amazonas.

Não existe bolsonarismo sem que seu líder supremo deboche de quem está passando por dificuldade respiratória, em plena pandemia do Covid-19, mas que possui ao lado da sua cama um cilindro de oxigênio exclusivo.

Não há bolsonarismo sem que as políticas públicas sociais mais elementares num país desigual como o Brasil sejam completamente destruídas, mas sejam retomadas apenas no período eleitoral.

Não há bolsonarismo sem que todo dia seja dia de uma nova crise taticamente implantada para esconder a inércia administrativa.

Não há bolsonarismo sem que as políticas públicas mais urgentes sejam categoricamente ignoradas nos pronunciamentos diários num cercadinho que produz desinformação e agressões em larga escala, e serve unicamente para ativar uma militância nas redes sociais.

Não há bolsonarismo sem que crianças tenham suas máscaras retiradas em eventos públicos com autoridades do mais alto escalão do Governo em meio a uma pandemia que devastava o mundo.

Não há bolsonarismo sem que o ministro das relações internacionais sinta-se orgulhoso pelo fato do Brasil virar um pária internacional.

Não há bolsonarismo sem que empréstimos consignados sejam liberados a pessoas humildes três meses antes das eleições e sejam suspensos um dia após o voto nas urnas.

Não há bolsonarismo sem que o diretor da Polícia Rodoviária Federal determine operações nos locais onde o candidato concorrente possui mais votos no intuito de impedir que cidadãos possam exercer seu direito constitucional ao voto.

Não!

Definitivamente não há condições para que Jair Bolsonaro e o bolsonarismo sejam uma opção válida contra o petismo ou contra quem quer que seja dentro do campo democrático, pois o bolsonarismo não é compatível com a democracia, simples assim.

O Brasil ainda vive o fenômeno do bolsonarismo, o qual conseguiu arregimentar milhões de pessoas com discursos vazios, sem qualquer proposta governamental, mas ativando um perigoso discurso antissistema mesmo sendo parte do sistema há décadas, a exemplo de muitos líderes na história recente da humanidade que levaram nações ao colapso econômico e guerras.

Será preciso mais tempo para se compreender a amplitude do solavanco institucional e democrático sofrido pelo Brasil ao longo do mandato de Jair Bolsonaro, mas, por outro lado, é motivo de orgulho saber que o Brasil não sucumbiu aos arroubos ditatoriais de uma líder insano e autocrata.

Após quatro anos de turbulência democrática, é um alívio saber que as instituições da República brasileira conseguiram, a duras penas, passar pelo mais intenso ataque institucional desde a redemocratização, conseguindo promover uma contenção da ruptura suficientemente capaz de garantir a continuidade da nossa democracia.

A direita brasileira tem capacidade de trabalhar novas lideranças dentro do campo democrático, ao mesmo tempo que tem o dever de se desassociar do extremismo e dos riscos antidemocráticos que são inerentes ao bolsonarismo.

Democracia para sempre. Bolsonarismo nunca mais.


ACOMPANHE O JORNAL PARÁ

Quer ficar bem-informado sobre os principais acontecimentos do Pará e do Brasil? Siga o Jornal Pará nas redes sociais. O JP está no InstagramYouTubeTwitter e Facebook.

Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Comentar

*Ao utilizar o sistema de comentários você está de acordo com a POLÍTICA DE PRIVACIDADE do site https://jornalpara.com.br/.
Fale pelo Whatsapp
Atendimento
Precisa de ajuda? fale conosco pelo Whatsapp