O processo eleitoral sob ataques

A semana final da eleição presidencial requer cuidados especiais das autoridades públicas para que o Brasil permaneça num estado democrático de direito após o dia 30 de outubro

24/10/2022 16h56 - Atualizado em 24/10/2022 às 16h56

Lamentavelmente, a campanha presidencial de 2022 transcorreu sem que os projetos de governo pudessem ser devidamente debatidos pelos candidatos para que a sociedade tivesse condições de ter o que cobrar do vencedor da eleição posteriormente.

A poderosa máquina de desinformação para manipular a opinião pública foi novamente efetiva e criou inúmeras cortinas de fumaça para desviar a atenção da população para os assuntos que realmente importam. 


Mentiras como fechamento de igrejas e manipulação da religião como instrumento político foram exemplos de destaques das eleições 2022. A desinformação política estratégica disseminada nas redes sociais possui um poder destrutivo muito além da compreensão dos estudos até então publicados.

É bem verdade que, via de regra, as pessoas costumam se fechar em bolhas de relacionamentos nas quais são abastecidas com materiais alinhados com suas visões de mundo ou conceitos. A questão é que os agentes propagadores de desinformação política atuam justamente nesse detalhe, explorando os conceitos pré-concebidos das pessoas para, com meias verdades, implantar suas mensagens e obter o resultado eleitoral esperado, ou seja, a fidelidade e o compartilhamento do material desinformativo. 

A eleição presidencial deveria debater os rumos da economia, fazer o balanço das políticas públicas relacionadas ao combate à pandemia, fazer uma comparação de governos do atual presidente da República Jair Bolsonaro e do ex-presidente Lula, e analisar o que pretendem fazer para o futuro, se eleitos; e não ocupar o tempo com mentiras e ataques às instituições públicas no intuito de criar espantalhos para desviar a atenção dos verdadeiros problemas nacionais.

Assistir um aliado de primeira ordem do Presidente Jair Bolsonaro atirar contra policiais federais e lhes jogar granadas é assustador, mas devemos lembrar que o próprio Presidente Jair Bolsonaro propaga que “povo armado jamais será escravizado”. A frase é igualmente assustadora, mas não se pode negar que ela é veiculada pela principal autoridade do país, o qual possui milhares, quiçá milhões de seguidores fanatizados. 

A atuação criminosa do ex-deputado Roberto Jefferson, presidente de honra do PTB e responsável por implantar um falso padre na campanha presidencial para desacreditar o processo eleitoral, não apenas deve ser punida exemplarmente, nos termos da lei, como sua repercussão em grupos extremistas deve ser acompanhada de perto pelas autoridades públicas, pois a ação de Roberto Jefferson pode representar um gatilho para o desencadeamento de inúmeras outras atuações violentas pelo país, especialmente por se tratar da semana final de campanha.
  

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