11/04/2022 às 15h58min - Atualizada em 11/04/2022 às 15h58min

Eleições 2022: pré-campanha de discursos radicais promove desesperança ao processo eleitoral e ao futuro do Brasil

Os exemplos de discursos radicais no período pré-eleitoral das eleições 2022 são preocupantes e devem acender o alerta das autoridades responsáveis pela condução do processo eleitoral, especialmente o da Justiça Eleitoral.

Por Editorial

Foto: Roque de Sá/Agência Senado
O processo eleitoral de 2018 foi especialmente desafiador à Justiça Eleitoral. A ministra Rosa Weber, que presidia o Tribunal Superior Eleitoral à época, precisou a duras penas entender o fenômeno das fake news que, quase sempre, eram recheados de discursos de ódio e, ao mesmo tempo, atuar para minimizar seus efeitos por conta da forte disseminação nas redes sociais. Desde então, o Brasil passou a viver um momento político especial e de permanente tensão.

Em pleno mês de abril do ano eleitoral, não há como negar a evidente polarização política entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Lula (PT). Ocorre que, ao mesmo tempo que o processo eleitoral se aproxima, intensificam-se também os discursos extremistas não apenas dos grupos de apoio de tais lideranças políticas, mas também dos próprios protagonistas pré-candidatos ao cargo de Presidente da República. E isso não contribui em nada para o bom andamento do processo eleitoral democrático brasileiro.


Em data recente, num evento da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Lula discursou sugerindo que as pessoas buscassem pressionar politicamente os congressistas em suas respectivas residências, incluindo suas esposas e filhos: “se a gente pegasse, mapeasse o endereço de cada deputado, e fossem 50 pessoas na casa do deputado, não é pra xingar não, é pra conversar com ele, conversar com a mulher dele, conversar com filho dele, incomodar a tranquilidade dele, é muito, eu acho que surte muito mais efeito do que a gente vim fazer manifestação em Brasília”, disse.

Como reação a tão despropositada insinuação do ex-presidente Lula, alguns aliados do presidente Bolsonaro responderam elevando o discurso à carga máxima, avisando que receberiam as visitas sugeridas pelo petista com armas e balas. Diversos vídeos foram publicados na internet, com apresentação de armas de fogo, como resposta ao ex-presidente.

O presidente Bolsonaro, por sua vez, num evento oficial de posse de novos ministros, externalizou em tom nada amistoso que “nós aqui temos tudo pra sermos uma grande nação, pra sermos exemplo para o mundo, o que que falta? Que alguns poucos não nos atrapalhem, se não tem, se não tem ideias cale a boca. Bota a tua toga e fica aí, sem encher o saco dos outros...  como atrapalha o Brasil.... são poucos os inimigos de todos nós aqui no Brasil, poucos, e habitam essa região dos três poderes”, afirmou. Obviamente, como é de conhecimento público, o presidente Bolsonaro volta a se referir a alguns ministros do STF, contra quem direciona alguns de seus discursos políticos mais inflamados para ativar parte da sua base eleitoral.

Por óbvio, os discursos de Lula e de Bolsonaro não são nada edificantes para ajudar a construir um país mais próspero, especialmente após um longo período de pandemia pelo qual ainda passamos, inclusive com identificação de nova variante.

Mais do que nunca é preciso responsabilidade dos principais agentes políticos do país, e o povo brasileiro tem o direito de saber o que cada projeto político - que visa alcançar o mais alto cargo político da República - tem para mostrar como proposta de solução aos inúmeros e preocupantes problemas estruturais, econômicos e sociais existentes no Brasil.
 
Miséria, fome, desemprego, educação, saúde, segurança pública, infraestrutura e economia são alguns dos temas básicos sobre os quais os pré-candidatos à Presidência da República têm a obrigação de se manifestar para que o povo brasileiro, após a posse em 2023, saiba o que cobrar do presidente eleito. É inadmissível assistir um processo eleitoral que se dedique apenas na desconstrução da imagem do adversário, sem que propostas propositivas sejam apresentadas ao eleitor.

A sociedade civil organizada não pode mais aceitar a tática do “nós contra eles” sem questionar o emissor do discurso. Promover discursos de pautas genéricas apenas como estratégia de comunicação para obter apoio eleitoral sem que, na prática, se apresente propostas concretas para solução dos problemas precisa ser rechaçada pelas pessoas que identificam tal artimanha.

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