19/02/2024 às 10h30min - Atualizada em 19/02/2024 às 10h30min

Suspeito de fraude no Enem em Marabá exigia em torno de R$ 150 mil por provas manipuladas, diz PF

O estudante de medicina André Rodrigues Ataíde, de 23 anos, suspeito de ter feito a prova do Enem nos anos de 2022 e 2023 em nome de outras pessoas.

Da redação

Reprodução
O estudante de medicina André Rodrigues Ataíde, de 23 anos, suspeito de ter feito a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) nos anos de 2022 e 2023 em nome de outras pessoas recebia em torno de R$ 150 mil para realizar o exame no lugar dos verdadeiros candidatos, em Marabá, segundo informações da Polícia Federal (PF), que foram divulgadas pelo programa Fantástico neste domingo (18). De acordo com as primeiras informações da polícia, André usava documentos falsos para fazer provas no lugar dos verdadeiros candidatos. 

Por meio da fraude, pelo menos dois candidatos teriam conseguido uma vaga em Medicina na Universidade Estadual do Pará (Uepa). Um dos candidatos já é aluno do curso de medicina e o outro ainda não estava cursando, pois as aulas ainda não tinham começado. O caso veio à tona na operação Passe Livre, deflagrada na última sexta-feira (16), para combate a fraudes ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A Polícia Federal recebeu duas denúncias anônimas que levaram ao início das investigações.

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“Há informações de que teria recebido algo em torno de R$ 150 mil. Isso teria sido feito em parcelas? Estamos apurando também se ele também teria realizado outras provas de Enem, outras provas de concursos também, outros vestibulares", diz o delegado Ezequias Martins, da Polícia Federal. 

De acordo com as investigações da PF, Moisés Oliveira Assunção, de 25 anos, - que teria contratado André -  foi aprovado, neste ano, no curso de Medicina na Uepa, campus Marabá - e estava inscrito no Enem 2023. No entanto, quem fez a prova, usando uma identidade falsa, foi André. A fraude foi confirmada após a assinatura verdadeira de Moisés e a assinatura que constava nos cartões de resposta e nas redações serem analisadas. Foi então que os peritos fizeram uma comparação entre os padrões de caligrafia e confirmaram a diferença nas duas formas de escrever. Assim, o candidato alcançou 960 na prova de redação, como mostrou as investigações.

Investigação - Durante as diligências da polícia, outro comportamento incomum foi verificado. No dia da prova do Enem, no dia 5 de novembro de 2023, Moisés trocou mensagens com a namorada dele por volta das 15h26 — horário da prova: "Eu peço o e-mail do cara pra mandar um negócio importante. O e-mail dele", dizia a mensagem. Também no dia seguinte, o segundo dia de prova, 12 de novembro, o rapaz, mais uma vez, mandou mensagens para a namorada no horário em que, supostamente, deveria estar realizando a prova, como mostrou a reportagem da TV Globo.

Também no mesmo dia, momentos após o fim da prova, às 18h44, André postou em uma rede social que a prova estava “easy demais", evidenciando que ele tinha feito a prova no lugar do verdadeiro inscrito. Conforme detalhado na reportagem, Moisés contou a um amigo sobre o esquema fraudulento e sobre a existência da identidade falsa: “A gente pegou e rasgou no meio. A gente não tem foto. Ninguém tirou foto, tá ligado? Eu não tirei foto dessa identidade. Fazendo a matrícula pode esquecer. Não vou ligar para os comentários, não”, diz ele, como mostrado em um trecho da reportagem.

Ainda segundo a reportagem, André já estava cursando o quinto ano de Medicina, também na Uepa. As investigações da PF dão conta, ainda, de que, no Enem de 2022, André também fraudou a prova e se passou por Eliesio Bastos Ataíde, de 25 anos. Na reportagem, a Polícia Federal detalha que André falsificou a assinatura de Eliesio e fez a redação pelo verdadeiro inscrito. Assim como Moisés, Eliesio entrou em Medicina, na Uepa, se matriculou e fez o curso normalmente em 2023. Como moisés entrou este ano, as aulas dele e dos demais alunos começam apenas no dia 4 de março.

Os advogados de defesa de André e Eliesio detalharam, na reportagem, que os suspeitos são amigos e reforçaram a inocência dos jovens. “Nós provaremos que André e Eliesio são alunos de medicina e são inocentes. Não existe recebimento pelo André de nenhuma quantia para fazer a prova em nome de terceiros”, enfatiza Diego Freires, advogado dos jovens.

Com relação ao caso envolvendo Moisés, o advogado Jordano Matias, responsável pela defesa do jovem, frisou que "quem fez a prova foi o próprio Moisés. Ele está inteiramente interessado em apoiar e cooperar com a polícia e com a Justiça Federal para que esse assunto seja o mais rápido possível solucionado”, aponta. Após os demais casos terem sido revelados, novas denúncias surgiram contra André, de acordo com as investigações que ainda estão em andamento. "Estamos apurando também se ele teria realizado outras provas de Enem, outras provas de concursos também, outros vestibulares”, destaca Ezequias, o delegado responsável pelo caso.

Ainda na última sexta-feira, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão na casa de André e de outros envolvidos. Nas casas dos investigados, foram apreendidos telefones celulares, provas do Enem de 2019 a 2023 e manuscritos. Não houve prisão. As investigações seguem em andamento, também para descobrir se existem outros aprovados irregularmente por meio do esquema criminoso. Se confirmado o crime, os investigados poderão responder pelos crimes de falsidade ideológica, uso de documento falso, entre outros.

Em outro trecho da reportagem, Ricardo Magalhães, diretor de gestão e planejamento do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), diz que essa fraude trata-se de um caso isolado: O Enem tem 25 anos de história, tem 15 anos em que ele é utilizado como a principal prova de seleção para ingresso no ensino superior público e privado no Brasil. E nunca foi identificado nada nessa natureza", aponta. A Universidade do Estado do Pará afirmou, em nota detalhada na reportagem, que "acompanha e colabora com as investigações conduzidas pela Polícia Federal e aguarda a conclusão do processo para tomar as medidas cabíveis.

Reprodução: Reportagem Jornal Nacional
Com informações de PF e O Liberal

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