No atual cenário político brasileiro, uma tendência preocupante vem se destacando: o uso recorde de verbas públicas para autopromoção por parte de deputados federais. Esse fenômeno, que atingiu o valor de R$ 79 milhões em 2023, não apenas supera os recordes históricos, mas também levanta questões sobre a ética e a transparência na gestão dos recursos parlamentares.
Nesse contexto, a deputada Alessandra Haber (MDB-PA) emerge como uma figura central. Em seu primeiro ano de mandato, ela destinou a impressionante quantia de R$ 445,8 mil para a divulgação de seu trabalho parlamentar, representando 90% de sua cota total. Esse montante foi alocado principalmente na impressão de panfletos, com uma ordem de 270 mil unidades a um custo de R$ 278,6 mil.
Essa prática, embora legal e dentro dos limites estabelecidos pela Câmara dos Deputados, levanta importantes questionamentos sobre a eficácia e a necessidade de tais gastos. A deputada, que foi a mais votada no Pará em 2022, argumenta que a divulgação é fundamental para o exercício de seu mandato e para prestar contas à população.
No entanto, críticos apontam para uma linha tênue entre a divulgação legítima do trabalho parlamentar e a autopromoção com fins eleitorais. A especialista Marina Atoji, da Transparência Brasil, destaca que essa verba de divulgação pode ser usada, em alguns casos, como recurso de campanha, criando disparidades entre os deputados que têm e os que não têm mandato.
Além disso, há preocupações com a falta de especificações sobre o conteúdo dos materiais e para quem são destinados. Enquanto a deputada Haber defende a importância de seus gastos, o caso alimenta um debate mais amplo sobre a gestão de recursos públicos e a necessidade de fiscalização e critérios claros na utilização da cota parlamentar.
Nesse contexto, é essencial refletir sobre as prioridades na alocação de recursos públicos e a responsabilidade dos eleitos em garantir transparência e eficiência no uso do dinheiro dos contribuintes. A deputada Haber, embora atuando dentro das normas, se encontra no centro de um debate que transcende seu mandato, tocando em questões fundamentais sobre a gestão ética e transparente do orçamento parlamentar.
Com informações do ESTADÃO
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