Segundo estudo, peixes consumidos no Pará têm contaminação por mercúrio

O Pará está entre os estados incluídos no estudo com um índice de contaminação de 15,80%

Carlos Yury - com informações de G1
31/05/2023 09h00 - Atualizado em 31/05/2023 às 09h05

Segundo estudo, peixes consumidos no Pará têm contaminação por mercúrio
Agência Pará

Um estudo realizado por pesquisadores da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz (Ensp/Fiocruz), da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Greenpeace, Iepé, Instituto Socioambiental e WWF-Brasil, identificou que peixes consumidos pela população em seis estados da Amazônia brasileira têm contaminação por mercúrio com concentração do metal 21,3% acima do permitido. O Pará está entre os estados incluídos no estudo com um índice de contaminação de 15,80%, na lista também estão Acre, Amapá, Amazonas, Rondônia e Roraima.

 

Para chegar ao resultado, a pesquisa avaliou peixes vendidos em estabelecimentos comerciais em cidades dos estados e, depois, foi produzida uma média. Os dados mostraram que Roraima tem o maior índice de contaminação: 40% dos peixes analisados possuem índices do metal pesado altamente tóxico superior ao limite recomendado pelas regras sanitárias e de saúde. No estado, a análise foi feita em Boa Vista.

 

No Amazonas, há cidades em que esse índice mostrou 50% (Santa Isabel do Rio Negro e São Miguel da Cachoeira). Porém, na média, o volume é menor que Roraima. Para os pesquisadores, essa alta tem a ver com o avanço dos garimpos de ouro. No total, foram coletadas 80 espécies de peixes nas capitais destes estados e de outros 11 municípios do interior.

 

Veja a média por Estado:

Acre: 35,90%

 

Amapá: 11,40%

 

Amazonas: 22,50%

 

Pará: 15,80%

 

Rondônia: 26,10%

 

Roraima: 40%

 

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O estudo revela um dado muito preocupante, pois a presença do mercúrio no organismo humano pode causar problemas de saúde que afetam o sistema nervoso, sendo mais grave, se consumido por grávidas, por sua interferência na saúde do bebê, e para crianças. A Organização para Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO/WHO) e a Agência de Vigilância Sanitária brasileira estabelecem teor de 0,5 micrograma por grama. Essa foi a base de cálculo usada no estudo para chegar ao nível de contaminação. Roraima ultrapassou de 5,9 a 27,2 microgramas esse potencial de ingestão de mercúrio pela população por meio de peixes.

 

Denominado como ”Análise regional dos níveis de mercúrio em peixes consumidos pela população da Amazônia Brasileira“, o estudo foi desenvolvido de março de 2021 a setembro de 2022, e coletou  1.010 amostras de peixes nos 17 municípios, incluindo as capitais. Para identificar o nível de contaminação dos peixes, os pesquisadores fizeram as coletas dos animais em mercados públicos, feiras-livres ou direto com pescadores, como foi o caso de Roraima. Após isso, analisaram o impacto dessa contaminação na saúde humana, usando como parâmetro o consumo de peixe entre quatro grupos: homens adultos, mulheres em idade fértil, crianças de 2 a 4 anos, e de 5 a 12 anos.

 

O objetivo do levantamento era avaliar qual o risco para a saúde humana em caso do consumo de peixe contaminado por mercúrio. O resultado, segundo os pesquisadores, em todas as regiões analisadas coloca em alerta a saúde pública. Eles ainda afirmam que é necessário que o governo brasileiro desenvolva políticas públicas e programas que visem a garantia da segurança alimentar das populações mais afetadas, respeitando a soberania alimentar e o modo de vida de cada região.

 

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