23/01/2023 às 15h42min - Atualizada em 23/01/2023 às 15h42min
A crise de desnutrição dos povos Yanomami
Rafael Miyake, estagiário, sob supervisão de Yuri Siqueira
Christian Braga/ISA O território Yanomami, maior reserva indígena do Brasil, vem sofrendo, nos últimos anos, com as consequências do garimpo ilegal na região. Equipes do Ministério da Saúde que estão no local desde a última segunda-feira (16) encontraram pessoas, em especial crianças e idosos Yanomami, em desnutrição severa.
Na sexta-feira (20), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criou, por meio de decreto, o Comitê Nacional para Enfrentamento à Desassistência Sanitária das populações em território Yanomami, que conta com cerca de 30,4 mil habitantes. A Ministra da Saúde, Nísia Trindade, declarou Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional.
Já no sábado (21), o Presidente Lula esteve em Boa Vista (RR), e visitou a Casa de Saúde Indígena Yanomami (CASAI Yanomami), em conjunto com a ministra Nísia Trindade e a Ministra dos Povos Indígenas Sônia Guajajara (PSOL).
Também acompanharam os ministros Flávio Dino (Justiça e Segurança Pública), Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome), Silvio Almeida (Direitos Humanos e Cidadania), Márcio Macedo (Secretaria-Geral da Presidência) e o general Gonçalves Dias (Gabinete de Segurança Institucional).
Na ocasião, a ministra Sônia Guajajara cobrou a responsabilização pelo que levou à situação dos Yanomami, enquanto o Presidente prometeu agir contra os garimpos. Segundo dados do Ministério dos Povos Indígenas, 99 crianças de um a quatro anos morreram apenas em 2022 por desnutrição, diarreia e pneumonia, por conta do avanço dos garimpos no território.
“Além do descaso e do abandono por parte do governo anterior, a principal causa do genocídio é a invasão de 20 mil garimpeiros ilegais, cuja presença foi incentivada pelo ex-presidente. Os garimpeiros envenenam os rios com mercúrio, causando destruição e morte”, declarou o Presidente em suas redes sociais.
Já a partir desta segunda-feira (23), se inicia um conjunto de ações interdisciplinares de apoio à população, com uma equipe de 13 profissionais da Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), que cuidarão do Hospital de Campanha da Aeronáutica, que será movido do Rio de Janeiro para Boa Vista.
Uma outra equipe de oito profissionais da saúde da Aeronáutica será enviada para a região de Surucucu, e os Yanomami que não têm problemas de saúde e estão na CASAI serão enviados para seus territórios de origem.
Será aberto, também, pelo Ministro da Justiça, um inquérito policial para apurar o crime de genocídio e crimes ambientais no território Yanomami, e a Polícia Federal ficará responsável por apurar os responsáveis e punir os culpados pela situação da população.
Segundo documentos obtidos pelo The Intercept Brasil, pelo menos 21 ofícios solicitando ajuda para a população Yanomami foram ignorados em 2021 e 2022 pelo Governo Federal. O primeiro teria sido enviado para a 1º Brigada de Infantaria e Selva do Exército. Além disso, líderes das comunidades estavam em comunicação com a Funai, Polícia Federal, Ministério Público Federal e exército no período, também pedindo por apoio.
O retorno de uma equipe de profissionais do Ministério da Saúde para Brasília está marcado para a próxima quarta-feira (25). A equipe deve preparar, em 15 dias, um levantamento completo sobre a situação atual da população.
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