Em maio de 2025, a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos de Parauapebas (SEMURB) contratou o Consórcio RESSOL por dispensa de licitação, com valor expressivo de R$ 34,8 milhões para realizar serviços de limpeza pública. Este consórcio inclui a empresa Ala Construções, cujo sócio-administrador é Fernando Augusto Leite da Silva.
Em fevereiro de 2018, Fernando declarou judicialmente dificuldades financeiras ao enfrentar uma cobrança de R$ 20 mil em honorários advocatícios. Para resolver parcialmente a dívida, ofereceu uma motocicleta simples da marca Dafra e apresentou uma declaração de pobreza, mencionando seu salário líquido modesto de R$ 5.054,48 como gerente regional.
Surpreendentemente, apenas sete meses depois dessa declaração de hipossuficiência financeira, Fernando criou a empresa Ala Construções, originalmente Acácio Leite Construções, ostentando um capital social de R$ 7 milhões. Esse notável salto financeiro levantou dúvidas devido à clara discrepância entre sua condição financeira declarada anteriormente e seu novo status empresarial.
Desde então, Ala Construções rapidamente obteve contratos públicos milionários em diversos municípios do Pará.
No dia 2 de maio de 2025, a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos de Parauapebas (SEMURB), sob a gestão do secretário Herlon Soares, firmou contrato milionário com o Consórcio RESSOL através de dispensa de licitação (n. 7.2025-002SEMURB) no valor de R$ 34.812.644,16 milhões, válido inicialmente por apenas seis meses, podendo se estender até doze meses.
O consórcio vencedor é formado pelas empresas:
1 - CCV Infraestrutura e Serviços Ltda, representada por Caroline Oliveira Valerio;
2 - ALA Construções, Comércio e Serviços Ltda, representada por Fernando Augusto Leite da Silva.
Agora o Observatório de Licitações fará uma exposição de informações e dados referentes ao sócio-administrador da empresa Ala Construções, Senhor Fernando Augusto Leite da Silva, e apresentará sua surpreendente história profissional, saindo de uma realidade de assalariado para um empresário de contratos públicos milionários num curto espaço de tempo.
DA CRONOLOGIA DO SUCESSO METEÓRICO DE FERNANDO AUGUSTO LEITE DA SILVA, SÓCIO-ADMINISTRADOR DA ALA CONSTRUÇÕES
Fernando Augusto Leite da Silva vira réu em ação de cobrança em 2017
Em 03/10/2017, Fernando Augusto Leite da Silva virou réu numa ação de cobrança de honorários advocatícios no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), movida pelo advogado Sergio de Carvalho, em Belém.
Pessoa simples e assalariada
Em 22/02/2018, ao apresentar defesa e impugnar uma decisão que determinou a indisponibilidade de valores depositados na sua conta salarial, Fernando Augusto Leite da Silva afirmou, categoricamente, que era uma “pessoa simples e sem condições de arcar com os ônus processuais, sob pena de sérios comprometimentos no seu sustento e de sua família", conforme declarou à Justiça ao pedir gratuidade processual.
Leia também: Dispensa milionária na limpeza pública em Parauapebas: indícios de emergência fabricada (parte I)
Gerente regional de vendas da RV Tecnologia com salário líquido de R$ 5.054,48
Em sua defesa, Fernando Augusto Leite declara que exercia atividade de gerente regional de vendas da empresa RV Tecnologia e Sistemas S.A e recebia salário líquido de R$ 5.054,48 (cinco mil, cinquenta reais e quarenta e oito centavos).
Fernando Augusto Leite da Silva defendeu que o bloqueio realizado em sua conta salarial determinado pela Justiça era incabível e que tais valores são para pagamento das despesas mensais do executado, como: mensalidades escolares; luz; plano de saúde; entre outros, inclusive, para o frequente tratamento de saúde de um dos filhos.
Veja partes da defesa de Fernando Augusto Leite da Silva:
Da declaração de pobreza de Fernando Augusto Leite da Silva
Para tentar conseguir a gratuidade da Justiça, o atual sócio-administrador da empresa Ala Construções, Fernando Augusto Leite, assinou uma declaração de pobreza, datada de 21 de fevereiro de 2018, e apresentou à 7ª Vara Cível da Comarca de Belém, Estado do Pará.
Na declaração, afirma não ter condições de pagar custas judiciais sem que prejudique o seu sustento e de sua família.
Veja a declaração de pobreza assinada à época, pelo atual sócio-administrador da Ala Construções:
Da busca e apreensão da motocicleta de Fernando Augusto Leite da Silva
Em 19/07/2018, o juiz Roberto Cezar Oliveira Monteiro, da 7ª Vara Cível de Belém, determinou a busca e apreensão da motocicleta, marca DAFRA –MAXSYM 4001, de propriedade de Fernando Augusto Leite da Silva, sua única propriedade declarada na ação de cobrança.
Veja o mandado de busca e apreensão da motocicleta do hoje sócio-administrador da empresa Ala Construções:
Em 02/082019, Fernando Augusto Leite da Silva apresentou um acordo com seu credor, o advogado Sergio de Carvalho, e se comprometeu em pagar R$ 11 mil reais e entregar a referida motocicleta da marca DAFRA – MAXSYM 4001:
Para quem não conhece esse tipo de motocicleta, a imagem abaixo ilustra seu modelo:
O acordo juntado na ação de cobrança foi homologado pelo juiz Roberto Cezar Oliveira Monteiro.
De uma motocicleta Dafra a um capital social de R$ 7 milhões – A cronologia do sucesso meteórico de Fernando Augusto Leite da Silva
De forma cronológica, o histórico de Fernando Augusto Leite da Silva - de uma vida de assalariado para uma vida de empresário com contratos milionários - é resumida da seguinte forma:
Em 03/10/2017, Fernando Augusto Leite virou réu numa ação de cobrança de R$ 20 mil reais.
Em 22/02/2018, Fernando Augusto Leite da Silva apresenta defesa nos autos da ação juntando declaração de pobreza e afirmando ser pessoa simples.
Em 19/07/2018, o juiz da 7ª Vara Cível de Belém determinou a busca e apreensão da motocicleta, marca DAFRA –MAXSYM 4001, de propriedade de Fernando Augusto Leite da Silva.
Em 13/11/2018, Fernando Augusto Leite da Silva abre sua empresa perante a Receita Federal, com o CNPJ: 32.007.827/0001-13, com o nome de ACACIO LEITE CONSTRUÇÕES, COMÉRCIO E SERVICOS LTDA, com capital social de R$ 7.000.000,00 (sete milhões de reais). Posteriormente, o nome da empresa passou a se chamar ALA CONSTRUÇÕES, COMERCIO E SERVICOS LTDA, cujo nome fantasia é ALA CONSTRUÇÕES, cuja sócia é THAYANA ACACIO ALVES DA SILVA, esposa de Fernando Augusto Leite da Silva.
Em 02/08/2019, Fernando Augusto Leite da Silva apresenta à Justiça o acordo que fez com o advogado Sergio de Carvalho, o qual pagaria o valor de R$ 11 mil reais e entregaria a motocicleta DAFRA –MAXSYM 4001, colocando fim na ação de cobrança.
Contratos milionários pelo Pará
Após a migração de uma vida de assalariado para uma vida empresarial de muitos milhões como capital social, Fernando e sua sócia, Thayana Acácio, conseguiram celebrar contratos públicos milionários em vários municípios paraenses.
Viseu, Augusto Corrêa e Soure são alguns dos municípios em que a então empresa ACACIO LEITE CONSTRUÇÕES (atual ALA CONSTRUÇÕES) conseguiu celebrar contratos administrativos expressivos, mostrando uma impressionante desenvoltura poucas vezes vistas em empresas recém-criadas quando tentam contratar com a Administração Pública, visto, entre outras coisas, a necessidade de se comprovar acervo técnico.
Do salário modesto à intrigante guinada empresarial
É no mínimo intrigante constatar que Fernando Augusto Leite da Silva, em fevereiro de 2018, declarava ao Poder Judiciário suas dificuldades financeiras, destacando seu modesto salário líquido de R$ 5.054,48 como gerente regional de vendas, e que esse valor era insuficiente até mesmo para pagar uma dívida de 20 mil reais, cobrada judicialmente.
No entanto, poucos meses depois, em novembro do mesmo ano (2018), o mesmo Fernando apareceu no cenário empresarial com um capital social expressivo de R$ 7 milhões, na criação da empresa Acácio Leite Construções (atualmente Ala Construções).
Um salto financeiro digno de nota, que sugere uma ascensão empresarial incomum para quem antes alegava não ter recursos suficientes nem para pequenas dívidas judiciais e apresentava declaração de pobreza à Justiça.
O outro lado
O Observatório de Licitações enviou e-mail à empresa Ala Construções antes de publicar esta matéria, mas ainda não obteve resposta. Havendo retorno, o espaço para o contraponto será sempre garantido.
Acompanhe a série “A caixa preta da limpeza pública”
Acompanhe os próximos capítulos da série A caixa preta da limpeza pública do Observatório de Licitação do Jornal Pará. A sociedade de Parauapebas e do Pará precisam saber quem são os responsáveis por fazer a limpeza da cidade.
ACOMPANHE O JORNAL PARÁ
Quer ficar bem-informado sobre os principais acontecimentos do Pará e do Brasil? Siga o Jornal Pará nas redes sociais.
O JP está no Instagram, YouTube, Twitter e Facebook.