Em Parauapebas, ação eleitoral que pede condenação do ex-candidato a prefeito, Júlio Cesar, que supostamente teria simulado atentado político está na reta final para sentença
Para Polícia Civil e Coligação autora a versão do atentado foi forjada para fins eleitorais
20/07/2022 14h48 - Atualizado em 20/07/2022 às 14h48
imagens da internet
Nas eleições municipais de 2020, a sociedade de Parauapebas foi surpreendida com um evento assustador, no qual o então candidato a prefeito, Júlio Cesar, do Partido Renovador Trabalhista Brasileiro PRTB, foi alvejado à bala na zona rural do Município.
Até o referido evento, Júlio Cesar era um candidato desconhecido da população e aparecia nas últimas colocações das pesquisas eleitorais. Entretanto, após o ocorrido, as redes sociais dos grupos de apoiadores passaram a divulgar que o evento da zona rural se tratava de um atentado político, e os discursos direcionavam a responsabilidade ao prefeito da Cidade, que buscava a reeleição, Darci Lermen, do Movimento Democrático Brasileiro, MDB.
Por se tratar de um suposto atentado político, o caso chamou a atenção da mídia estadual, nacional e até internacional, o que fez a Polícia Civil do Pará investigar o ocorrido de forma especial, com a disponibilização de equipe diretamente da capital Belém. Após as investigações, o delegado responsável pelo inquérito policial concluiu pelo indiciamento de todos os ocupantes do veículo que transportava a comitiva do então candidato Júlio Cesar, inclusive o próprio candidato, por comunicação falsa de crime, tipificado no artigo 340 do Código Penal.
A autoridade policial entendeu que os ocupantes do veículo divulgaram informações contraditórias entre si, além de as versões estarem em contradição também com as provas periciais realizadas pela Polícia Civil e o Centro de Perícia Científica Renato Chaves. A pena para quem promove comunicação falsa de crime é de um a seis meses.
Como resultado da conclusão do inquérito, a Coligação Parauapebas da Prosperidade, responsável por lançar o candidato a prefeito Darci Lermen, que acabou sendo reeleito, protocolou Ação de Investigação Judicial Eleitoral AIJE (0601011-91.2020.6.14.0106) contra o então candidato a prefeito, Júlio Cesar, seu candidato a vice-prefeito, Amaury Lara, e o assessor de redes sociais, Michel Winter.
A ação eleitoral defende que os réus manipularam o processo eleitoral de Parauapebas por meio de desinformação, fatos sabidamente inverídicos, as famosas fake news, no intuito de obter vantagens eleitorais. Uma das alegações da ação defende que Júlio Cesar utilizou o evento de forma estratégica, lhe atribuindo o nome de “atentado político” apenas para se vitimizar com a versão, além de pretender “bolsonarizar” sua candidatura, ou seja, Júlio Cesar teria utilizado o atentado sofrido pelo então candidato Jair Bolsonaro nas eleições 2018 para tentar colar sua imagem ao hoje presidente da República, pois sabia que a popularidade do mandatário era considerável na cidade em 2020.
Algumas das provas que reforçaram os argumentos da ação foram alguns vídeos publicados nas redes sociais pelo então vice-presidente de Júlio Cesar, no PRTB, Senhor Gilson Fernandes, que afirmou que o planejamento de um atentado político estava sendo desenhado desde muito tempo antes do processo eleitoral com a participação de Júlio Cesar e Michel Winter, no intuito de bolsonarizar a campanha e alavancar a popularidade do candidato.
Gilson Fernandes divulgou que não aceitava o uso indevido de um drama pessoal do presidente Bolsonaro, de quem é apoiador de primeira ordem, para que alguém pudesse se beneficiar eleitoralmente.
Após uma longa instrução processual, no último dia 12/07/2022, o Cartório da 106ª Zona Eleitoral de Parauapebas juntou os últimos três vídeos que faltavam das oitivas das testemunhas e as partes tiveram prazo de três dias para se manifestar. Mas somente a Coligação autora se manifestou sobre os vídeos do perito Walldiney Gurgel, reiterando o pedido de condenação de todos os réus.
O processo encontra-se concluso para o juiz eleitoral, Dr Celso Quim, proferir a sentença, que poderá ser publicada a qualquer momento. No vídeo abaixo o perito Walldiney Gurgel relata ao juiz eleitoral que, após analisar todas as provas e relatos das testemunhas, o mais provável é que o veículo utilizado pelo candidato Júlio Cesar no dia do ocorrido estava parado, diferente das versões apresentadas pelo candidato Júlio Cesar e sua comitiva, que afirmavam que o motorista estava em alta velocidade, chegando até 90 km/hora.