26/01/2023 às 16h00min - Atualizada em 26/01/2023 às 16h00min

Facções cobram mensalidades para que provedores de internet entrem em bairros de Belém

Luciana Carvalho, estagiária sob supervisão do jornalista Yuri Maia

Divulgação
Moradores e funcionários de empresas que prestam serviços de instalação de internet entraram em contato com a equipe de jornalismo do Jornal Pará denunciando que facções estão destruindo equipamentos de operadoras de internet e exigindo que valor da mensalidade possa ser dividido com os criminosos. 

 



De acordo com relatos de moradores do Paar, Icoaraci, Cabanagem, Curuçambá, Aurá, além de outros bairros da Região Metropolitana de Belém, nos últimos meses, as quadrilhas têm aumentado o controle sobre a rede de internet, impondo a decisão sobre quais empresas podem instalar o serviço, cobram "mensalidades" destas e expulsam funcionários das empresas que não querem "colaborar".  A ação criminosa se repetem em diversos bairros em que comunidade inteiras são controladas pela facção. 

“Já tem mais de ano que sofremos com esses ataques. Os vândalos atacam nossos equipamentos que ficam no poste e durante isso, a empresa identifica que foi danificado e encaminhamos uma equipe para resolver o problema, mas eles são sempre intimidados por alguns criminosos que abordam a equipe e não permitem os reparos”, explica o dono de uma das empresas de telecomunicação que tem sido vítima pelos criminosos, ressaltando ainda que eles disponibilizam um contato de um dos chefes da facção, que em ligação já ameaçam e comentam sobre as condições para que a empresa continue com os serviços de internet no local. Um boletim de ocorrência foi registrado e agora, moradores e responsáveis pelas empresas aguardam soluções das autoridades diante do problema.

“Recentemente em Marituba, a população prejudicada pela falta de internet, abriu um boletim de ocorrência na PM. Após isso o morador/comerciante recebeu uma carta do “CV” dando 24hrs para ele e família saírem do bairro, caso contrário, eles iam invadir a casa e matar quem estivesse dentro”, ressaltou

“Normalmente os contatos são do Rio de Janeiro. O CV pede um percentual de dinheiro de cada cliente, em alguns casos chegaram a pedir até 50% do valor do provedor, dizendo que se pagam para o governo, precisam pagar pra eles pois os mesmos que fazem a segurança e que somente quem paga irá poder trabalhar na área”, afirma o dono. 

“Os moradores ficam sem internet, de mãos atadas, não podem fazer nada. E as empresas são prejudicadas com o patrimônio e perda de receitas de clientes. Porque alguns provedores não compactuam com os atos, mas existem aqueles que já precisam ceder pela pressão da facção”, relata um funcionário. 

O portal Jornal Pará entrou em contato com  a Polícia Civil que nos informou que "investiga o caso sob sigilo por meio da Divisão de Repressão ao Crime Organizado (DRCO). Diligências estão sendo feitas para ouvir testemunhas e apurar a denúncia". A nota da Polícia Civil reforça ainda que "qualquer informação que possa auxiliar nas investigações podem ser repassadas através do Disque Denúncia 181. O anonimato é garantido".

 
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