No dia 8 de março, o mundo celebra o Dia Internacional da Mulher, uma data que remonta à luta histórica das mulheres por seus direitos, igualdade e respeito. É um dia de comemoração das conquistas alcançadas, mas também de reflexão sobre os muitos desafios que ainda persistem, principalmente nas esferas de gênero, trabalho e direitos reprodutivos.
Palestra sobre oportunidades internacionais com a turma da Educaree.
A origem do Dia Internacional da Mulher remonta ao início do século XX, quando mulheres ao redor do mundo começaram a se mobilizar por melhores condições de trabalho, direito ao voto e igualdade de oportunidades. Em 1908, 129 mulheres morreram em um incêndio em Nova Iorque enquanto estavam em greve por melhores condições de trabalho.
Programa Mock nas Escolas no Colégio Justo Chermont promovido pelo Instituto PanamMUN.
Hoje, o Dia Internacional da Mulher serve como um lembrete da trajetória árdua e contínua das mulheres em busca de igualdade. Embora avanços significativos tenham sido feitos, como o direito ao voto, à educação e a cargos de liderança, ainda existem grandes desigualdades em muitas partes do mundo. De acordo com dados da ONU Mulheres, as taxas de violência contra mulheres continuam sendo alarmantemente altas. No Brasil, a cada 7,6 horas, uma mulher é vítima de feminicídio, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Participação como ouvinte no evento Amazônia e Novas Economias.
Mesmo com esse cenário emergente, existem jovens lideranças femininas que lutam por democratização de oportunidades numa sociedade marcada por desigualdades. Essa é a realidade da paraense Geovana Sampaio, com apenas 24 anos, a jovem já construiu uma trajetória impressionante marcada pela resiliência, coragem e uma incansável busca por transformar sua realidade e a de outros jovens do Pará, esta que, por sua vez, é compartilhada em suas redes sociais (@gegesampaiog). Sua história, marcada por superação e conquistas, reflete a força de uma mulher determinada a quebrar barreiras e abrir caminhos para aqueles que, assim como ela, enfrentam dificuldades para acessar oportunidades de crescimento.
Trajetória de Protagonismo da Paraense
Sua jornada começou aos 19 anos, quando Geovana se interessou pelas Simulações da ONU (MUN), uma prática acadêmica que simula o funcionamento das Nações Unidas, onde os participantes representam países e debatem questões globais. Para ela, esse foi o ponto de partida de uma trajetória que não apenas a transformou, mas também a colocou no centro de debates internacionais. Desde o início, Geovana acreditou que essas experiências poderiam ser a chave para ampliar seus horizontes e abrir portas, não apenas para si mesma, mas também para jovens da sua cidade natal, Belém, e de todo o Pará.
“Quando participei da minha primeira Simulação da ONU, percebi que o mundo era muito maior do que eu imaginava. A cada evento, a cada simulação, fui entendendo mais sobre política, diplomacia e, principalmente, sobre como a voz de uma única pessoa pode fazer a diferença em um debate global. O que mais me motivava era saber que, enquanto jovem mulher da Amazônia, estava conquistando um espaço onde poucas pessoas, especialmente de minha região, tinham acesso”, revela Geovana.
Ao longo dos anos, Geovana não se limitou a participar, mas foi além. A jovem, em 2022, foi finalista no concurso Cultural Embaixadora por Um Dia da Embaixada Britânica no Brasil, o qual recebeu uma reunião virtual com a diplomata Melanie Hopkins, além da mentoria para o programa de bolsas de mestrado Chevening, igualmente, em 2023, foi a primeira paraense vencedora do prêmio nacional Mude o Mundo como uma Menina, o qual recebeu uma remuneração de 5 mil reais ao lado de uma mentoria para o aprimoramento de suas atividades sociais.
A partir disso, Geovana se tornou uma verdadeira líder em Simulações da ONU, participando de mais de 21 eventos, sendo um deles internacional, a prestigiada Simulação da ONU da Universidade de Cambridge no formato virtual. Suas atuações em representações de países em debates de temas globais como mudanças climáticas, direitos humanos e desigualdade social a tornaram uma referência, especialmente para as mulheres jovens do Pará.
A Luta pela Própria Vida: um Momento de Recomeço
Entretanto, sua trajetória não foi fácil. Aos 21 anos, Geovana enfrentou um desafio pessoal que a fez reavaliar tudo o que tinha conquistado até aquele momento: uma internação hospitalar de 40 dias que a fez repensar seus planos e suas prioridades. Durante o tempo que passou em recuperação de um diagnóstico tardio de Lúpus Sistêmico, Geovana enfrentou sérias limitações físicas, em especial, nos seus 25 dias na UTI, mas foi nesse período que ela se fortaleceu emocionalmente, pois viu o poder da união de pessoas em prol da luta por uma vida. A superação daquela fase difícil a motivou a nunca desistir de seus sonhos, ao contrário, a experiência a fez querer ainda mais lutar para transformar a realidade da sua comunidade.
“Estar em um hospital, isolada pela baixa imunidade e impossibilitada de comer ou respirar sozinha, me fez pensar muito sobre não só o que eu queria da minha vida, mas também o quanto eu queria a minha vida. Foi ali, ao lado da minha mãe, que percebi o tanto que era amada por aqueles ao meu redor, foi um momento de colher os frutos que plantei em saúde, bem como vi na prática a frase que sempre reproduzi, isto é, ‘se você quer ir rápido, vá sozinha, mas se você quer ir longe, vá acompanhada’. Com tanta união em prol da minha recuperação, senti que, apesar de todas as dificuldades, minha missão estava apenas começando. Hoje, vejo como essa superação me fortaleceu e me deu ainda mais força para continuar a luta por um mundo mais justo e igualitário”, compartilha Geovana.
Após sua recuperação, Geovana deu continuidade aos seus estudos e projetos. Ela passou a trabalhar incansavelmente para oferecer aos jovens do Pará as mesmas oportunidades que teve. Seu objetivo sempre foi criar uma rede de apoio para que os jovens da região Norte tivessem mais acesso a espaços de conhecimento e debate, como as Simulações da ONU, que tanto a impactaram.
Democratizando Espaços e Transformando Vidas.
Além de sua participação em eventos internacionais, como o Latin American Leadership Academy, o maior programa de liderança da América Latina, Geovana tem se destacado como mentora e líder, contribuindo para a democratização dessas práticas no Pará. Através de projetos sociais, ela incentiva jovens, especialmente meninas, a se engajarem em atividades extracurriculares que ampliem suas oportunidades, reforçando sempre que a educação e a participação política são as principais ferramentas para a construção de um futuro mais justo.
“Meu sonho é fazer com que mais jovens do Pará possam ter acesso a essas experiências, como as Simulações da ONU. Eu sei que ainda existem muitas barreiras para quem vem de regiões como a nossa, mas acredito que a união e o apoio mútuo podem transformar realidades. Quero ser uma ponte para essas oportunidades e mostrar que, sim, é possível alcançar grandes coisas, não importa de onde você venha ou quem você é. Por isso, meu compromisso é continuar trabalhando para que cada vez mais jovens possam se engajar, assim como ter suas vozes ouvidas", conclui Geovana.
Geovana Sampaio não é apenas uma jovem que quebrou barreiras pessoais. Ela é um exemplo de liderança, superação e força feminina. Sua trajetória inspira não apenas meninas, mas todos aqueles que acreditam que é possível transformar sua realidade e criar um impacto positivo no mundo. Em um cenário onde as oportunidades para jovens do Norte ainda são limitadas, Geovana é uma das grandes defensoras da educação, da inclusão e da luta por igualdade. A jovem é um exemplo de que a educação não transforma o mundo, a educação transforma pessoas e essas pessoas transformam o mundo.
ACOMPANHE O JORNAL PARÁ
Quer ficar bem-informado sobre os principais acontecimentos do Pará e do Brasil? Siga o Jornal Pará nas redes sociais. O JP está no Instagram, YouTube, Twitter e Facebook.