01/09/2022 às 09h09min - Atualizada em 01/09/2022 às 09h09min
Secretário de Meio ambiente de Canaã dos Carajás é alvo de operação da PF
Amaral Rosa e Yuri Siqueira
A Polícia Federal cumpriu 14 mandados de busca e apreensão, nesta quarta-feira (31), a ação faz parte da operação "Águas Turvas", que busca desmobilizar garimpos ilegais que poluíram rios de abastecimento de Parauapebas, sudeste do Estado. O maquinário apreendido durante o cumprimento de mandados foi inutilizado, por questões de logística, segundo informou a PF.
Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos na região do Projeto Cristalino, no município de Canaã dos Carajás, em uma das Secretarias do Município e na residência de um dos secretários.
As áreas de garimpo ilegal são próximo aos rios Cupu e Rio Verde, afluentes do rio Parauapebas. De acordo com a PF, a extração de ouro na região existiu durante meses, inclusive ao lado de uma linha de transmissão de energia elétrica, o que trazia risco de blecaute em regiões inteiras do país.
Foram realizados sobrevoos ao longo do rio, sendo possível constar a existência de inúmeras máquinas (retroescavadeiras, caminhões e outras), vários pontos de extração ilegal de minérios (predominantemente ouro, em menor quantidade, cobre) e modificação severa da cor dos rios – indicativo de atividade intensa de garimpagem. Tudo isso foi confirmado durante a operação de hoje, que segue em curso.
A Polícia Federal identificou um túnel de extração de cobre abaixo de uma das torres de energia, mas a obra foi abandonada pouco tempo antes da chegada dos policiais.
Os responsáveis poderão responder por crimes ambientais, crime de usurpação de recursos da União (extração ilegal de minério), associação criminosa e outros crimes. As investigações continuam em andamento.
A operação “Águas Turvas” tem participação de mais de 100 agentes da PF, Polícia Rodoviária Federal, ANM, IBAMA, e ICMBio.
INVESTIGAÇÃO
O SAAEP (Serviço Autônomo de Águas e Esgoto de Parauapebas), que realiza análise constante da qualidade da água que abastece a cidade, detectou a contaminação de afluentes do rio Parauapebas e informou ao ICMBio e à Câmara Municipal de Parauapebas por meio de ofício.
Descobriu-se que a contaminação vinha, em sua maioria, da atividade de garimpagem no município vizinho, Canaã dos Carajás. Representantes do Legislativo e do Executivo de Parauapebas tentaram identificar o ponto de origem do problema, mas a fiscalização teria sido prejudicada por um dos secretários de Canaã dos Carajás.
A partir da notícia-crime encaminhada pelo ICMBio acerca da devastação causada por áreas de extração ilegal de ouro, a PF abriu inquérito e iniciou a investigação.