O câncer de pênis, tema de campanhas como o Novembro Azul, destaca desafios sociais e culturais relacionados à saúde masculina no Brasil. Associado a fatores como falta de higiene íntima e tabus culturais, a doença registrou números alarmantes: no último ano, 651 amputações e 454 mortes foram causadas por essa neoplasia, conforme dados da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).
Apesar de representar apenas 0,4% dos cânceres masculinos no país, a incidência é maior nas regiões Norte e Nordeste. Um levantamento do Ministério da Saúde revela que, de 2012 a 2022, mais de 21 mil casos foram registrados, resultando em mais de 6 mil amputações e 4 mil mortes em uma década. No Pará, o Hospital Ophir Loyola (HOL) atendeu mais de 250 pacientes entre 2021 e 2024, realizando 87 penectomias no período.
Desafios no diagnóstico e tratamento Segundo o urologista reconstrutor Luis Otávio Pinto, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia do Pará, muitos casos chegam ao hospital em estágios avançados. “Os pacientes frequentemente procuram ajuda tardiamente, o que inviabiliza a preservação do órgão. Grande parte vem de áreas isoladas, como regiões de ilhas”, explicou.
A falta de acesso a cuidados preventivos, somada a fatores como baixa escolaridade, má higiene íntima, fimose não tratada e infecção por HPV, aumenta o risco da doença. A limpeza diária com água e sabonete e a vacinação contra o HPV são apontadas como medidas essenciais de prevenção.
Sinais de alerta Lesões ou úlceras persistentes, secreções com odor forte e caroços na região da virilha são indicativos da doença. Muitos pacientes demoram até um ano para buscar atendimento após os primeiros sinais, comprometendo as chances de cura, que são altas nos estágios iniciais.
“O diagnóstico precoce permite intervenções menos invasivas, como cirurgias poupadoras, que preservam a funcionalidade do órgão e evitam amputações totais”, explicou o especialista.
Alternativas pós-tratamento Para pacientes que passaram por penectomia total, o HOL oferece a faloplastia, procedimento de reconstrução do pênis que visa melhorar a qualidade de vida. “A neofaloplastia possibilita ao paciente urinar em pé e ter relações sexuais com o auxílio de próteses”, detalhou Luis Otávio.
Serviço: Homens que notarem alterações devem procurar uma Unidade Básica de Saúde (UBS) ou Secretaria Municipal de Saúde para encaminhamento ao Hospital Ophir Loyola. O atendimento é feito via sistema de regulação, priorizando diagnósticos e tratamentos precoces.
Prevenir e diagnosticar o câncer de pênis é uma questão de informação e cuidado. A conscientização e o combate aos tabus podem salvar vidas e preservar a dignidade de muitos homens brasileiros.
Fonte: AGÊNCIA PARÁ
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