Neste dia 17 de Outubro, é celebrado o Dia do Eletricista, o profissional responsável pela manutenção e instalação da rede elétrica de casas, empresas e iluminação pública. Entendendo o potencial que uma formação profissionalizante na área elétrica tem para o mercado de trabalho, a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), tem investido na capacitação das pessoas privadas de liberdade.
Foto: Divulgação
No período de Janeiro de 2022 a Outubro de 2024, foram realizados 26 cursos relacionados à área elétrica, totalizando mais de 750 internos certificados. Os cursos ensinam tanto a manutenção elétrica quanto para a instalação e reparos, abrangendo desde o básico até conteúdos mais avançados. São ofertados cursos mais específicos como o de elétrica veicular, predial, rural, e também de instalação e manutenção de energia solar.
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Os cursos profissionalizantes são ofertados em várias unidades prisionais espalhadas pelo Estado. Em Marabá, o projeto de qualificação profissional faz parte do atendimento do Escritório Social às pessoas pré–egressas (pessoas que possuem previsão de saída em seis meses) do regime semiaberto que atende o Complexo Penitenciário do município. O objetivo é capacitar as pessoas privadas de liberdade que estão próximas de obter liberdade.
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Para Sulair Nunes, coordenadora do Escritório Social de Marabá, a qualificação gera conhecimento, e qualificar um pré-egressos vai garantir maiores oportunidades de reinserção social após a finalização do cumprimento de sua pena.
“Após o cumprimento da pena, os pré-egressos são orientados a comparecer no Escritório Social para realizar seu cadastro no Banco de Talentos, é possível inserir esses profissionais no mercado de trabalho por meio de empresas parceiras que contratam especificamente pessoas egressas do Sistema Penal de Marabá e também pelo Sistema Nacional de Emprego do município. A qualificação é um plus no currículo do egresso que terá maiores chances de inclusão no mercado de trabalho”, afirma Sulair.
Em julho, o curso de eletricista foi realizado na Unidade de Custódia e Reinserção Feminino de Marabá (UCRF Marabá), pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), fruto de uma parceria entre a Seap e a Vale. Ao todo 20 internas foram capacitadas e estão aptas a exercer a nova profissão.
O curso ofertado é dividido em duas etapas: aula teórica e aula prática. Na aula prática busca-se objetivar o conhecimento obtido durante a teoria, a prática ocorre em local autorizado pela direção dentro da sala de aula da própria casa penal com equipamentos e materiais fornecidos pelo Senai.
Capacitação
No mês de Setembro, a Seap realizou pela primeira vez um curso profissionalizante de eletricista em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) na Unidade Penitenciária de Segurança Máxima I (UPMAX I) em Santa Izabel. Na ocasião, 15 custodiados participaram da turma e receberam certificados válidos em todo território nacional, e ao sair do cárcere podem atuar em diferentes frentes do setor.
A realização de cursos profissionalizantes representa um recomeço e traz uma série de benefícios para os custodiados, em especial os que estão na unidade de segurança máxima porque é uma forma de valorização, como explica Sheyla do Carmo, policial penal e técnica de reinserção da UPMAX I.
“Os cursos contribuem para o caráter social de cada interno, porque é a partir dessas atividades educacionais, dos cursos, eles conseguem enxergar uma nova perspectiva. Além disso, eles reconhecem a preocupação da unidade, juntamente com a Seap, em oferecer essa qualificação já pensando quando eles forem reinseridos à sociedade”, diz a técnica.
As capacitações também representam a qualificação formal certificado por instituições conceituadas e reconhecidas em todo o país. Sheyla informa que muitos internos aprendem noções de elétrica por curiosidade. “Muitos já sabiam mexer de curioso, mas agora sentem orgulho de serem qualificados por uma empresa como o Senar, que é uma instituição conceituada e respeitada, os internos demostram toda essa gratidão pela oportunidade ofertada pela Seap e os parceiros porque representa um recomeço”, finaliza.
Benefícios
Todas as atividades educacionais desenvolvidas nas unidades prisionais seguem critérios específicos estabelecidos pela Lei de Execução Penal, que permitem a remição de pena. Além de adquirir conhecimento, aprender uma nova profissão, os custodiados também melhoram a autoestima e exercitam a mente.
“Durante as aulas eles ocupam a mente com o conteúdo programático, e criam expectativas de uma nova vida a partir de um recomeço com a profissão ofertada pelo curso, então eles distensionam aquele ambiente da cela e vão para uma sala de aula. Lá eles trabalham com atividades práticas. Então, tudo isso é muito enriquecedor, eu consigo enxergar através dos olhos, gestos e sorrisos, a satisfação por estar fazendo um curso como esse, que muitas vezes lá fora eles não têm oportunidade. Os cursos são importantes porque trabalham tanto no profissional como na saúde mental deles” afirma Sheyla.
Outro fator que chama a atenção é quando os familiares pegam os certificados, muitos relatos apontam a falta de condições e oportunidade. “Tem familiar que pega o certificado e faz um quadro, pendurado na parede, e agradece imensamente. Então, os benefícios além de atingirem os internos em várias modalidades, também se expandem para a família, que também é beneficiada com a participação deles em um curso porque ele está aprendendo e não vai sair do mesmo jeito que entrou, ele vai sair melhor”, conta.
Oportunidades
O interno Lucas Oliveira participou da turma de eletricista da UPMAX I, ele aprendeu um novo ofício e já pretende ser um multiplicador e compartilhar com o próximo.
“Hoje me sinto muito feliz por ter sido um dos privilegiados com essa oportunidade de ter uma profissão. Com esse conhecimento pretendo buscar e aprender mais e mais sobre o trabalho de eletricista, também vou poder compartilhar esse trabalho e conhecimento com o próximo. Eu vejo que esse curso trouxe para minha vida uma profissão que eu não tinha e hoje tenho, além disso, a oportunidade de remir a pena e sair uma pessoa ressocializada”, conta Lucas.
Já Valdivino Pinheiro sente-se agradecido pela oportunidade de continuar adquirindo novos conhecimentos. “Me sinto muito agradecido e acho que nunca é tarde para aprender. Quero usar esse conhecimento como uma profissão lá fora, um meio de sobreviver trabalhando com isso. Esse curso é uma oportunidade de me reintegrar à sociedade”, finaliza o interno.
Fonte: AGÊNCIA PARÁ
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