Com apoio de pesquisadores do Museu Emílio Goeldi.
Acompanham os jogos, cerca de mil indígenas Kayapó de cidades como Tucumã e São Félix do Xingú (Crédito: Kenneri Cesarini Hernandes Alves).
As disputas acontecem até o próximo domingo (17) na aldeia Kriny - que significa “aldeia nova” na língua Kayapó - localizada em Redenção, no sudeste paraense, onde vivem duzentos indígenas. A cerimônia de abertura foi realizada nesta quarta-feira (13), quando as jogadoras fizeram uma apresentação colorida das 32 delegações que estão competindo na 2ª Minicopa Feminina de Futebol. As atletas têm idade acima dos 12 anos e são de diversas aldeias da região.
A partida inicial foi disputada entre o time Kriny, da aldeia que sedia o evento, e a equipe da aldeia Kapranhkrere, escolhidos por sorteio feito diante de todos. Os times participantes disputam prêmios de 5 mil para o 1º lugar, 3 mil para o 2º melhor e 2 mil para o 3º colocado.
Os espectadores do evento esportivo são cerca de mil indígenas de aldeias espalhadas pelos municípios de Tucumã e São Félix do Xingú, próximos dali. Eles chegaram à aldeia Kriny em barcos e ônibus fretados. De acordo com o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena, Banhire Kayapó, a disputa é simbólica e representa um grande reencontro.
“A competição tem mais times participantes este ano. A valorização do futebol das mulheres indígenas é uma forma de nos encontrar, de ver os parentes das outras aldeias. Juntos, a gente faz danças tradicionais e celebra a vida”, explica.
Pesquisador dos povos tradicionais da floresta, o biólogo paulista Kenneri Cezarini Hernandes Alves, mestrando do Museu Emílio Goeldi, esclarece que esse tipo de atividade nas aldeias ajuda a manter a união dos indígenas.
“Os parentes se encontram, celebram juntos e se reconhecem enquanto protagonistas desse ambiente onde vivem. É dessa forma que eles se fortalecem enquanto povo e mantêm suas atividades tradicionais”, informa.
O mestrando é acompanhado pelo pesquisador do Museu Goeldi, o doutor Pedro Glécio Lima. O objetivo do estudo in loco é conhecer melhor a flora do território indígena de etnia Kayapó.