Energia solar ganha espaço no Pará: lares e pequenas empresas adotam a tecnologia mesmo com tributação
mais de 56,8 mil conexões operacionais da fonte fotovoltaica em telhados, fachadas e pequenos terrenos, espalhadas por 142 cidades, ou 99,6% dos 144 municípios paraenses.
Carlos Yury - com informações de O Liberal
24/07/2023 09h19 - Atualizado em 24/07/2023 às 09h19
Igor Mota
A energia solar se tornou a 2ª maior fonte de produção energética do país neste ano. De acordo com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a fonte solar fotovoltaica atingiu a marca de 23,9 gigawatts de potência operacional instalada, ficando atrás apenas da matriz hídrica, que segue com 109 gigawatts, representando 51% do total gerado no país. Os números mostram o que se vê atualmente nas ruas, onde os painéis solares instalados geralmente em telhados se multiplicam.
No Pará, a geração própria de energia solar abastece mais de 73,9 mil consumidores, de acordo com dados recentes da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR). O estado possui atualmente mais de 56,8 mil conexões operacionais da fonte fotovoltaica em telhados, fachadas e pequenos terrenos, espalhadas por 142 cidades, ou 99,6% dos 144 municípios paraenses. Mesmo após a Aneel autorizar a taxação de sistemas de energia solar que estejam conectados à rede convencional, como no caso do sistema chamado Ongrid (ver explicação abaixo), o crescimento do setor não surpreende os especialistas.
“De três anos para cá, a procura aumentou consideravelmente. Aliás, o setor dobra de tamanho a cada ano, e quando ele cresce, traz todo um ecossistema junto com ele. Hoje temos pelo menos nove financeiras voltadas só para energia solar, temos grandes bancos criando linhas de financiamento voltadas para isso. É a tendência, é o futuro, não tem como fugir, é uma questão de tempo para a energia solar se tornar a maior fonte de energia do planeta”, projeta Benedito Viegas, CEO de uma empresa de energia solar na capital paraense, especializada em lares residenciais e pequenas empresas.
O volume de financiamento para energia solar no Brasil atingiu R$ 35,1 bilhões em 2022, crescimento de 79% sobre os R$ 19,6 bilhões verificados no ano anterior. O dado da consultoria CELA (Clean Energy Latin America) mostra a importância do financiamento para obtenção do sistema solar.
On grid, off grid e imposto TUSD
Existem dois sistemas disponíveis atualmente: o on grid e o off grid. A principal diferença entre eles está no armazenamento. O mais utilizado é o On Grid, que está conectado diretamente à rede pública de distribuição elétrica. Quando a energia solar não é suficiente, o consumidor pode usar a energia convencional como complemento, assim como pode armazenar o seu excedente no sistema da concessionária, que o transforma em créditos a serem abatidos nas contas de luz.
Para esse tipo de sistema, o governo federal autorizou a cobrança da Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição (TUSD), por entender que o consumidor de energia solar deve ser taxado por utilizar a infraestrtura da concessionária de energia convencional, seja para utilizar ou armazenar energia elétrica. Desde o dia 1º de janeiro, a tributação TUSD é cerca de 45% da tarifa total para o B1 residencial convencional que atualmente é 0,87890, de acordo com a Equatorial Energia.
O sistema é autossuficiente, ou seja, não está conectado a nenhuma outra fonte. A energia gerada pelos painéis é armazenada em baterias, que são responsáveis por abastecer os imóveis de forma permanente. A falta de uma fonte adicional é o considerado o principal entrave desse modelo, pois é necessário adequar o sistema para estar sempre preparado. A instalação desse sistema custa, em média, quatro vezes mais do que o on grid, principalmente devido ao custo das baterias. Por outro lado, quem opta por este sistema está livre do imposto TUSD.
Uma das vantagens mais significativas dos painéis fotovoltaicos é a possibilidade de produzir energia solar e compartilha-la com outras residências. Esse modelo tem chamado atenção de paraenses cada vez mais. Alguns passaram a investir em miniusinas fotovoltaicas, alugando espaços para instalação de painéis.
Com o sistema compartilhado, o cliente pode economizar dinheiro em sua conta de eletricidade, já que compra um único sistema de energia fotovoltaica, que ele pode utilizar para alimentar todas as suas residências, ou empresas com o mesmo CNPJ. As pequenas empresas se atraem cada vez mais por esse plano, já que podem usar o crédito de energia que geram em sua sede para alimentar suas próprias instalações e vice-versa.
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