Pesquisadores relataram nesta terça-feira (29) que uma droga experimental retardou moderadamente o inevitável agravamento do Alzheimer, O medicamento chamado lecanemab, desenvolvido pela farmacêutica japonesa Eisai e pela americana Biogen, proporcionou uma redução inédita de 27% no declínio cognitivo.
Embora o impacto ainda seja modesto, e o remédio tenha provocado efeitos colaterais significativos em parte dos participantes, cientistas consideram os resultados como um ponto de virada no tratamento da doença.
Segundo os dados preliminares dos testes clínicos de fase 3, a última etapa dos estudos, já haviam sido divulgados pelos laboratórios em setembro. Porém, foram confirmados nesta terça-feira durante apresentação na Conferência de Ensaios Clínicos na Doença de Alzheimer (CTAD), evento que ocorre nos Estados Unidos, com a publicação simultânea do trabalho na revista científica New England Journal of Medicine.
O estudo contou com 1.795 participantes em fase inicial da doença, recrutados em 235 centros de pesquisa na América do Norte, Europa e Ásia, e foram divididos em dois grupos, em que parte recebeu o novo remédio, e os demais, placebo. A dosagem do medicamento foi de 10 mg por kg, a cada duas semanas, de forma injetável. Eles avaliaram o impacto do tratamento após um período de 18 meses.
O lecanemab é um anticorpo monoclonal que elimina as placas da proteína beta-amiloide formadas no cérebro. O acúmulo da substância, embora alvo de polêmicas recentes, é compreendido hoje como uma das causas conhecidas do Alzheimer. As tomografias comprovaram o potencial, mostrando uma redução do excesso da substância no órgão a partir de três meses do início do tratamento.
Segundo a agência Associated Press, uma decisão sobre a aprovação do medicamento é esperada para o início de janeiro.