16/09/2022 às 08h22min - Atualizada em 16/09/2022 às 08h22min

Estudantes em tratamento contra o câncer visitam fábrica de chocolate no Combu

Yuri Siqueira
SEDUC/PA

Os saberes e sabores ribeirinhos da ilha do Combu, em Belém, contemplaram, nesta quinta-feira(15), uma turminha especial, que estuda na classe hospitalar do Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo. Todos os alunos que participaram da atividade pedagógica fazem tratamento oncológico. A visita à Ilha teve como ponto de partida a unidade hospitalar, e, destino final, uma fábrica de chocolate.

Alunos, pais e professores integraram a comitiva, que totalizou mais de 25 pessoas. “Amazônia: Povos da floresta e dos rios” é o nome do projeto idealizado por professores da classe hospitalar, ligados à Secretaria de Estado de Educação (Seduc), por meio da Coordenadoria de Educação Especial.


“A aula de campo serve para que eles possam ver todo o processo da plantação e produção do cacau, que foi um dos ingredientes escolhidos e algumas receitas. Outro subtema, que estamos trabalhando, é o ecossistema "o Bioma da Amazônia" e o local também é uma área que tem uma riqueza grande em que eles vão poder fazer suas observações em in loco, poder fotografar, poder fazer suas pesquisas. Levar todo esse material para sala de aula e poder analisar como é que eles estão na receptividade desse conteúdo”, disse uma das professoras do projeto, Anna Elvira dos Santos. 

O embarque em uma lancha no Terminal Hidroviário Ruy Barata foi tranquilo. O rio Guamá contribuiu para a tranquilidade no trajeto até o Combu. Em 20 minutos se fez a travessia, logo no desembarque, todos foram recebidos na fábrica com um delicioso brigadeiro fabricado ali mesmo, juntamente com um achocolatado natural. Após a acolhida, os alunos conheceram um pouco da floresta preservada. 

Com 10 anos, a Rebeca Vitória trata uma Leucemia, e é aluna do primeiro ano da classe hospitalar. A rotina de tratamento não ofusca o brilho no olhar da pequena influencer digital, de Belém. Ela tinha o celular na mão para garantir aos seguidores virtuais dela o que aprenderia sobre a Amazonia. 



“Eu estou gravando tudo. Vou utilizar nas aulas, já que a professora pediu, mas também vou divulgar tudo”, contou Rebeca Vitória sorrindo. Ela gostou do viu. “Eu fiquei impressionada com a criação de abelhas. Eu amei o brigadeiro e o bolo que serviram. Uma delícia. Eu também amei o chocolate quente. Está sendo tudo diferente para mim. Eu não conhecia nada disso. É tudo muito bom”, disse Rebeca Vitória.

“Além de existir uma classe hospitalar, que é super maravilhoso, eu acho muito importante esse projeto. Devido ao tratamento, ela não pode estudar em outras escolas. Está sendo muito diferente. É uma oportunidade para eles saírem da rotina. Aqui é um ambiente mais natural, então está sendo perfeito, é super proveitoso. Há quatro anos nós discutimos essa doença. Hoje em dia estamos em uma fase bem melhor. Ela faz quimioterapia uma vez por semana e é sempre assim, super alto astral”, disse a mãe da Rebeca, Revelly Maitê Sousa.

Desde o ano de 2006, Izete Costa, dona Nena, comanda uma produção de chocolate e cacau amazônico 100% orgânico. Apesar do carro-chefe ser o chocolate, a área não produz apenas cacau. Também há açaí e cupuaçu. 

“É uma satisfação receber essas crianças e saber que o nosso projeto está proporcionando esse conhecimento. Possibilitando eles viverem essas realidades, que parecem distante do dia a dia deles. Hoje o nosso objetivo principal é mostrar para o público, de uma forma em geral, a importância de se ter essa floresta de pé e mostrar que a gente pode gerar emprego. Além de criar o hábito de consumir um chocolate de qualidade, mostrar nossas raízes”, pontou a empreendedora dona Nena. 

A sustentabilidade está por todos os lados. Até a água utilizada nos produtos tem origem em um sistema que aproveita e trata a água da chuva, o que vai ao encontro aos objetivos do projeto escolar.   

“É da mais alta relevância que eles tenham um entendimento em relação a complexidade do ambiente e como se dá o manejo de forma racional deste ambiente, preservando, conservando, mesmo utilizando esses recursos de uma forma estudada para que não haja nenhum tipo de prejuízo”, enfatizou a professora Elizabete Pires.


A professora Elizabete também chamou a atenção para a oportunidade econômica sustentável. “(Estudantes) vendo quais são os produtos que podem ser gerados a partir dos frutos e até mesmo das folhas, como é utilizado aqui também, a exemplo das fibras e a partir daí, eles também têm uma visão do empreendedorismo e como isso pode gerar renda para as populações”, disse ela

“A ideia de você conhecer o ecossistema com todas as suas características relacionadas aos seres vivos, aos fatores ambientais e os produtos são utilizados como subsistência pra muitas populações, mas também como geração de renda”, enfatizou a professora Elizabete Pires

Classe hospitalar 

Garantir às crianças e aos adolescentes em tratamento contra o câncer no Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo (Hoiol) o direito à educação, à continuidade do processo ensino-aprendizagem e à reintegração ao grupo escolar, esse é o objetivo da Classe Hospitalar Professor Roberto França. O programa de educação especial é ofertado desde a inauguração do hospital em 2015, em parceria com a Secretaria  de Estado de Educação (Seduc).

A coordenadora de Humanização do Núcleo de Coordenação Permanente do Hoiol, Natacha Cardoso, informa que o maior desafio da Classe Hospitalar é promover o cuidado individualizado aos 35 pacientes que estudam dentro do ambiente hospitalar. “Buscamos respeitar a singularidade do nosso usuário, pois além de ser aluno, é paciente oncológico. Hoje ele está bem, mas amanhã pode ser submetido à quimioterapia, ter uma reação adversa ao tratamento, estar indisposto. Essas e outras intercorrências são próprias do enfrentamento do câncer”, disse.

O Núcleo é um apoiador das atividades e do planejamento anual da Classe Hospitalar e sustenta toda a logística, por meio de ações e projetos, para garantir o andamento das atividades escolares dos pacientes.  “A partir do momento da internação, os pais e tutores são informados sobre a possibilidade das crianças e adolescentes darem continuidade aos estudos dentro do hospital. Caso manifestem o interesse, o paciente é matriculado, por meio da Seduc, nas Escolas Estaduais Barão do Rio Branco e Visconde Souza Franco, e cursa a série que fazia antes do adoecimento. É uma escola dentro do hospital, com toda a grade curricular de uma escola ‘comum’, desde o ensino fundamental ao ensino médio”, informou Natacha Cardoso.

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