15/09/2023 às 08h57min - Atualizada em 15/09/2023 às 09h30min
Vereadora de Belém sofre ameaça de 'estupro corretivo'; entenda
Vereadora Bi Caminha (PT) sofre ameaças, a suspeita é que criminoso integre rede nacional de ataques a mulheres negras e LGBTQI.
Carlos Yury - com informações de g1
Divulgação A vereadora de Belém, Bia Caminha (PT), foi alvo de ameaça de estupro. A intimidação foi feita via mensagem de e-mail enviada à parlamentar, no último final de semana, suposto doutor em Psicologia Social que ameaça “Estupro Corretivo Terapêutico” contra mulheres lésbicas ou bissexuais. A parlamentar fez o boletim de ocorrência. Nesta quinta-feira (14), a Polícia Civil informou que investiga o caso para chegar ao criminoso.
O autor do conteúdo, que se identifica como Doutor Astolfo Bozzônio Rodriguez, já foi denunciado neste ano por vereadoras de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro pela mesma situação. O criminoso dizia que iria praticar um "estupro corretivo" contra Bia. O estupro corretivo é uma prática criminosa na qual uma ou mais pessoas, geralmente familiares ou pessoas próximas, estupram mulheres lésbicas ou bissexuais, supostamente para tentar alterar sua orientação sexual. Ao notar a mensagem incomum, Bia conta que a primeira sensação foi de pânico. "O que mais me assusta é a parte em que eles dizem ter meu endereço e que vão me fazer uma ‘visita’", relata Bia.
Em um dos trechos da mensagem, o autor das ameaças diz: "Isso não é violência, é o que chamamos de 'estupro corretivo terapêutico', uma terapia de eficácia comprovada que 'cura' o homossexualismo feminino, porque ser sapatão é ser uma aberração. Referi-me a bissexuais, pois o bissexualismo feminino é uma variante dessa doença chamada lesbianismo."
Não é a primeira vez que a vereadora recebe esse tipo de ameaça. "Da primeira vez, o susto foi muito grande. Era no período em que escolas estavam sendo atacadas em todo o país, e a ameaça seguiu uma série de crimes que fui vítima no mesmo período", explica a vereadora.
Bia também destaca que esse tipo de ação criminosa é mais direcionado a mulheres LGBTQIAP+. "Eles se sentem no direito de nos expulsar dos espaços políticos, mesmo que para isso precisem usar ameaças e violência", relata a parlamentar.
"É muito importante que todos façam a denúncia. Não podemos achar que a internet é um espaço onde a lei não funciona e onde é livre para cometerem lesbofobia, racismo e crimes de ódio", conclui a vereadora.
De acordo com a vereadora, o que tudo indica, os autores das ameaças são parte de uma rede de ódio que direciona as mensagens a parlamentares mulheres, negras e LGBTQIAP+. Junto com Bia Caminha, outras 14 parlamentares de diversos estados também receberam ameaças semelhantes. Entre elas estão a deputada federal Daiana Santos (PCdoB), as deputadas estaduais Rosa Amorim (Psol) e Bella Gonçalves (Psol) e as vereadoras Mônica Benício, Iza Lourença e Cida Falabella, todas do Psol.
Como denunciar - Denúncias de qualquer crime cibernético podem ser feitas por meio da Diretoria de Combate a Crimes Cibernéticos da Polícia Civil do Pará, localizada na Av. Pedro Miranda, 2288, entre Perebebuí e Passagem D’hotel - Pedreira, ou na Delegacia Geral da Polícia Civil, na Avenida Governador Magalhães Barata, nº 209, Bloco D (2º piso), Bairro: Nazaré.
De acordo com a Central Nacional de Denúncias da Safernet, só em 2022 foram encaminhadas 111.929 denúncias relacionadas a esse tipo de crime, um aumento de 9,9% em relação a 2021.
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