03/06/2023 às 13h15min - Atualizada em 03/06/2023 às 13h15min
Mulheres extrativistas apostam na produção de doces para gerar sustentabilidade e renda
Castanha do Pará é a principal fonte de renda das mais de 600 famílias que trabalham com a coleta das castanhas no município de Óbidos
Carlos Yury - com informações de Portal Santarém
Max Default O projeto nasceu tímido, utilizando apenas um ingrediente, a castanha do Pará, a amêndoa que é a principal fonte de renda das mais de 600 famílias que trabalham com a coleta da castanha na Unidade de Conservação da Floresta Estadual Trombetas, no município de Óbidos. Rica em nutrientes como proteínas, gorduras insaturadas, fibras, vitaminas e minerais como magnésio, selênio e zinco, a castanha traz benéficos para a saúde do coração, do cérebro e para a prevenção de doenças como diabetes e câncer.
Entre as longas jornadas na coleta da castanha, que geralmente são realizadas de janeiro a junho, à vida no campo, com a pequena plantação de mandioca, de onde tiram o sustento por meio da produção de farinha, tapioca (goma) e tucupi, Sidiane viu a possibilidade de empreender, usou o saber tradicional, reuniu um grupo de mulheres e passou a trabalhar no fortalecimento do hoje chamado Mix de Doces de Castanha, um grupo de mulheres que utilizam ingredientes tradicionais da região, como o cupuaçu e a castanha-do-pará, para produzir os doces.
“A gente fazia doce para o nosso consumo, aí eu comecei a vender para trazer renda pra casa, depois disso eu vi que tinham outras mulheres que precisam transformar os produtos que elas trabalhavam em renda, então eu dei a ideia”. A fala é de Sidiane Sampaio, uma jovem de pouco mais de 20 anos que aprendeu com os pais a trabalhar com os produtos da floresta. Além dos benefícios a saúde sua produção e a comercialização podem fortalecer a economia local, promovendo o desenvolvimento sustentável das comunidades. “Atualmente são 20 mulheres trabalhando na produção de doces, artesanato e extração de óleos. A proposta agora é a gente correr em busca de parceiros para tentar melhorar a nossa produção”, citou Sidiane.
As mulheres que começaram o grupo com a produção de biscoitos de castanha, isso lá em 2022, atualmente atendem a pedidos para a produção de bolos, geleias, bombons e pudins. Além da produção dos doces, as mulheres passaram a produzir óleos de cumaru, coco e castanha.
A produção do artesanato a partir de fibras, cipós e sementes também passou a contribuir para a sustentabilidade e geração de renda, sem falar da valorização dos produtos locais para a proteção da biodiversidade e manutenção da floresta em pé.
O grupo, que ainda segue dentro da estrutura da associação do Extrativistas da Flota de Jamaracaru (Acaje), sonha com a formalidade e vê em parceiros como o Imaflora e Imazon a possibilidade de no futuro criar uma cooperativa e trabalhar junto a grandes projetos, como o Origens Brasil “Até o momento é só nós mesmo, mas a gente tá em conversa com o Imazon, já tivemos outras reuniões pra fazer parte de iniciativas que possam nos apoiar”, finalizou. ACOMPANHE O JORNAL PARÁ
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