Terra Yanomami é o segundo território indígena mais desmatado de toda a Amazônia (Foto: Christian Braga/Greenpeace)
Apenas em abril, último mês do inverno amazônico, uma área de floresta do tamanho da cidade do Rio de Janeiro foi posta abaixo na Amazônia. Os dados são do Sistema de Alerta de Desmatamento do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) que detectou uma perda de 1.197 km², 54% a mais do que o registrado no mesmo mês de 2021. Com isso, a região teve o pior abril dos últimos 15 anos, desde que o instituto iniciou o monitoramento por satélites, em 2008.
O estado do Mato Grosso foi o que mais desmatou pelo quarto mês consecutivo, com 372 km² derrubados, 31% de toda a destruição registrada na região. Em segundo lugar ficou o Amazonas, com 348 km² desmatados (29%), e em terceiro o Pará, com 243 km² (20%). Agora, quando se leva em consideração o período de agosto de 2021 a abril de 2022, os primeiros nove meses do chamado “calendário do desmatamento” da Amazônia, que vai de agosto de um ano a julho do ano seguinte, é o Pará que lidera com 38% do desmatamento acumulado.
No estado, há um problema grave em relação ao aumento da devastação dentro das áreas protegidas. De acordo com o Instituto, em abril, 95 km², 40% de toda a devastação registrada no Pará ocorreu apenas dentro de cinco unidades de conservação.
A Terra indígena Yanomami, localizada nos estados de Roraima e do Amazonas, foi o segundo território indígena mais desmatado na Amazônia em abril, com uma área de floresta derrubada equivalente a 100 campos de futebol. A terra que tem sido alvo das invasões violentas de garimpeiros também ocupa o topo do ranking de risco, quando se refere a previsões futuras.
Amazônia pode ter recorde anual de desmatamento
De acordo com o Imazon, os dados servem como um sinal de urgência para que ações sejam implementadas antes que a estimativa de 15 mil km², derrubados entre agosto de 2021 e junho de 2022 vire realidade. A previsão é da plataforma de inteligência artificial PrevisIA, que vem se mostrando uma ferramenta assertiva ao indicar as áreas sob maior risco de desmatamento na Amazônia, e equivale a uma área quase três vezes maior do que o Distrito Federal. Segundo o Instituto, os dados colocam a Amazônia em risco de sofrer com um novo recorde anual de desmatamento. Situação que pode ser evitada antes que o chamado “calendário do desmatamento” encerre, no final de julho.