No último sábado, 16, os garimpeiros que invadiram a Terra Indígena Xipaya, no sudoeste paraense, foram localizados durante operação que reuniu a Força Nacional, o IBAMA, a FUNAI e as polícias Federal e Militar. A balsa que tinha equipamentos para extração ilegal de ouro também foi apreendida. Mas ainda há a preocupação com a segurança da comunidade indígena e risco de conflitos. Isso porque os cinco homens detidos e os dois adolescentes apreendidos foram soltos no mesmo local, dentro da reserva extrativista, protegida por lei.
A Polícia Federal informou que os suspeitos foram identificados e intimados a comparecerem à delegacia da PF em Altamira, para prestarem depoimento, e que um inquérito para investigar os fatos também foi instaurado. Mas de acordo com a Polícia, não foi possível efetuar a prisão dos suspeitos, por impedimento legal, visto que o prazo de formalização do flagrante já havia excedido 24 horas. "Como a crise inicial já estava contida, a PF escoltou-os para fora da Terra Indígena", explicou a Superintendência da Polícia Federal no Pará.
Em documento enviado aos órgãos de segurança, a Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas da Câmara dos Deputados se mostrou preocupada com o fato dos invasores não terem sido encaminhados à delegacia. De acordo com a Frente, eles teriam sido soltos inclusive com um barco tipo “voadeira” que não foi apreendido. Segundo o documento, o deslocamento dos invasores foi feito pelo rio Iriri, navegando dentro do território Xipaya, sem escolta das forças policiais, o que não garante que eles saíram da Terra Indígena Xipaya ou da Reserva Extrativista do Rio Iriri. A Frente Parlamentar também pede medidas cabíveis "para resguardar a proteção da Terra Indígena e a integridade física do povo Xipaya”, a continuidade da Operação dos órgãos ambientais na região e que o caso não fique impune.
Já a Polícia Federal destaca que, desde o ano passado, é realizada na região a Operação Guardiões do Bioma, com o objetivo de evitar os crimes ambientais, e que nesse contexto jamais deixará de observar a legislação penal e os direitos humanos.