Se você não conhece o filme Pearl, fica aqui minha sugestão para você assistir no final de semana. É sem dúvidas um dos melhores filmes de terror psicológico dos últimos tempos. Sabemos que o gênero está passando por grandes mudanças e muitos filmes não tem agradado a audiência.
Pearl pode ser entendido como um filme de terror devido sua atmosfera que constantemente incomoda e é construída a base de bizarrices por causa dos prenúncios do que pode vir acontecer e por causa de sua trilha sonora impecável e perturbadora, além de que, quando o filme parte para sua fisicalidade, a violência gráfica despudorada comprova que a direção não está fugindo do gênero. Pearl consegue saber ser um suspense muito eficaz e desafiador.
Além de terror e suspense, é também um drama dos bons, dedicado a fazer um profundo estudo de personagem relacionado ao terror e inclinado ao drástico mas ainda assim, profundo.
Ponto forte - Ti West consegue fazer a personagem crescer aos poucos, já que estamos falando (quem assistiu), de um filme do ponto de vista da história da personagem e é bem claro o quanto o diretor consegue brincar com as nossas expectativas e a protagonista mudando de humor no decorrer do filme que deixa um ar de suspense a ponto de ser aflito, já que não se sabe quando a Pearl vai explodir e quem estará perto dela quando isso acontecer. Esse pensamento instável fica o tempo inteiro castigando a nossa apreensão por meio da iminência e do receio de qual personagem vai ter seus sonhos e planos interrompidos pela protagonista.
Sobre a personagem: uma moça cuja existência é casual e travada, alguém vivendo na roça com a mãe e o pai doente, ela tem uma vida calma, sem muita coisa pra fazer naquele fim de mundo (como ela mesma diz), já que é proibida de ter um discernimento próprio e um propósito de vida fora do que a ocasião (a mãe) reservou para ela. Quando uma pessoa já inclinada ao desastre passa por uma frustração opressora como a da personagem vive, e as pessoas ao redor não percebem e subestimam os indícios, o desastre pode ser inevitável.
Ela não foi preparada para lidar com as diversidades e frustrações e como foi impedida pela mãe de ter sua própria vida, ela parou de amadurecer, e não é atoa que age de forma imatura e infantilizada e com tanta birra quando é contrariada. Ela apresenta uma menina ingênua (não confundir com inocente), já que quando ela pratica a maldade muito bem e tem consciência das consequências e ela se satisfaz com isso, só não liga. Ou seja, tão inocente ela não é.
Mia Goth apresentou uma atuação IMPECÁVEL, além de excelente atriz ela também escreveu o roteiro ao lado de Ti West, é uma composição muito rica em elementos. Podemos conferir isso no minimalismo e curiosidade diferente da personagem quando ela tortura alguém ou algum animal, na satisfação maligna mais sincera quando faz mal a alguém que a frustrou, na dissimulação para conquistar simpatia dos outros numa falsa inocência, nas expressões vocais, corporais e facias, nos gritos e choros que marcam não somente a personagem e atriz, mas a audiência e o conflito com sua mãe que é a figura de autoridade e de carcereira dos seus sonhos e muitos outros detalhes que são inseridos na composição da personagem.
Não tem como premiar os melhores do ano sem falar da performance da Mia Goth, este é mais um caso descarado do preconceito das premiações com o gênero terror e como havia dito, Pearl é uma baita drama. Ainda assim, o filme ganhou diversos prêmios ao redor do mundo, tanto em direção, como roteiro e como melhor atriz, mas as grandes premiações do cinema, como o Óscar, ignorou a boa performance do filme.
Sobre o filme - Presa na fazenda isolada de sua família, Pearl se vê obrigada a cuidar de seu pai doente, e viver sob a vigilância constante de sua amarga e autoritária mãe devota. Desejando uma vida glamourosa como ela viu nos filmes, Pearl encontra suas ambições, tentações e repressões entrando em conflito.
- Pearl é uma continuação de “X - A marca da morte”, também protagonizado por Mia Goth e faz parte de uma trilogia, a terceira parte está em produção. Importante destacar que você não precisa assistir o primeiro filme para entender o universo de Pearl.