24/07/2023 às 16h10min - Atualizada em 24/07/2023 às 16h10min

Um filme para quem ama e para quem odeia a Barbie

Com feminismo, reflexões ao mundo real, alfinetadas e críticas ao patriarcado, cenas bobas que vão além do infantil, o filme deixa mensagens reflexivas.

Carlos Yury

Carlos Yury

Jornalista, social media e apaixonado por cultura pop

Carlos Yury
Warner
Com um marketing impecável que tomou conta do mundo, Barbie não é só a cor de rosa, e a pergunta que todos se faziam era: "afinal, é sobre o quê?". Com muito feminismo, reflexões ao mundo real, com direito a alfinetadas e críticas ao patriarcado, cenas bobas que vão além do infantil, o filme deixa várias mensagens reflexivas para seus telespectadores.

Sob a direção da renomada Greta Gerwig, cujas obras feministas, como "Lady Bird" e "Adoráveis Mulheres", encantaram o público, a história acompanha a jornada da boneca de plástico perfeita ao sair da Barbielândia e adentrar o Mundo Real.

Com um roteiro não tão surpreendente, mas afiado, escrito pela própria Gerwig junto de seu marido Noah Baumbach (História de um Casamento), as críticas da diretora foram bem distribuídas ao longo da trama, de modo que o filme não ficou cansativo e nem militante ao extremo.

Padrão de beleza - Era óbivio que se tratando de uma boneca, esse seria um ponto a ser levado em consideração, críticas sobre o padrão de beleza irreal imposto às mulheres. Não é novidade que a Barbie sempre perpetuou um modelo de beleza quase inatingível com cabelos perfeitamente alinhados, corpo magérrimo com pernas torneadas, uma pele de plástico impecável e roupas de grife desejada por todas.

Uma observação que achei sensacional no live action é a personagem da Estranha, interpretada por Kate McKinnon, uma boneca maltratada e rabiscada por uma criança, com rosto desfigurado e cabelo picotado. Essa sátira genial desafia os padrões de beleza da Barbielândia e oferece uma visão irônica sobre as expectativas irreais impostas às mulheres, afinal, se você teve uma Barbie ou não, com certeza você vinvênciou em algum momento da vida uma boneca assim. 

Contudo, a crítica mais proeminente do filme abraça o patriarcado. O enredo concentra-se em mostrar como o Mundo Real difere da Barbielândia, expondo o machismo, misoginia e agressividade que as mulheres enfrentam no cotidiano.

Mansplaining - Ainda falando sobre o patriarcado, o filme também retrata o machismo e um ponto dele é sobre o mansplaining: um comportamento tipicamente masculino, em que homens explicam algo para mulheres de forma rasa e básica, presumindo que elas possuem pouco conhecimento sobre o assunto. Geralmente isso acontece em assuntos que a mulher já domina, mas que o homem quer se colocar como especialista — ou seja, em uma posição superior.




Aqui do nosso mundo, vimos que o marketing foi grandioso na internet e fora dela. No Google, onde a pesquisa exibe a tela toda rosa, o impulsionamento no mercado da moda que tornou tudo cor de rosa, as pequenas e grandes empresas que entraram nas trends do filme, os cinemas com ações diversificadas, desde alimentos rosas, baldes de pipocas personalizados e produtos especiais colecionavéis, restaurantes com pratos um tanto diferente e curioso, desde a loja mais famosa a cidadezinha do interior se renderam ao universo de Barbie. É inegável o alcance mundial, sendo um filme bom ou não.

Dito isto, logo, a expectativa também seria muito alta, ainda mais com uma personagem tão popular e complexa.

Sob a direção de Greta Gerwig, aqui podemos dizer que mais uma vez ela serviu boa direção, temos que concordar que é um roteiro cativante. Já o elenco liderado por Margot Robbie e Ryan Gosling entregam atuações autênticas e marcantes. Robbie, uma atriz super versátil conseguiu nos apresentar um outro ponto de vista de sua carreira e talento, trouxe doçura e sinceridade à "Barbie estereotipada", revelando um processo de despertar pessoal. Por sua vez, Gosling rouba a cena como Ken, transitando entre momentos dramáticos e hilários, ele é um bom ator e mesmo sendo carismático, não acho que convenceu 100% em sua melhor versão para o filme, existem outros Ken's que ficariam melhor nesse papel.

O elenco coadjuvante também desempenha um papel relevante na narrativa, com destaque para Simu Liu, que diverte como Ken rival de Gosling, e Kate McKinnon, que traz seu humor peculiar para a "Barbie esquisita". America Ferrera, uma das poucas personagens humanas, acrescenta um toque emocional à história, explorando questões sobre seu lugar no mundo e sua relação com a filha adolescente.

Com tantos diálogos feministas, "Barbie" se revela uma envolvente conversa de bar entre amigas. O filme expõe com seus comentários inteligentes sobre a dinâmica entre homens e mulheres ao longo da história, além de provocar reflexões sobre os papéis sociais contemporâneos.

Porém, Barbie termina sem uma resposta satisfatória para sua jornada de autoconhecimento. "Quem é Barbie?": a única conclusão possível é de que se trata de um brinquedo que garantiu anos de popularidade.

"Barbie" não é o filme do ano, mas se destaca como uma produção cinematográfica que tem conteúdos pertinentes, abordando questões com humor, acidez e sensibilidade, carregada de mensagens e reflexões para os que amam ou odeiam a Barbie.





 
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