29/07/2023 às 11h45min - Atualizada em 29/07/2023 às 12h45min
Caso Marielle: print revela identidade de PM que repassava operações para Ronnie Lessa
Entre os envolvidos, o ex-PM Ronnie Lessa, que é o acusado de ser o autor dos disparos.
Da redação - com informações de Metrópoles
Reprodução / Redes Sociais A investigação sobre a morte da vereadora Marielle Franco ganhou um novo capítulo. O sargento da Polícia Militar do Rio de Janeiro (PMRJ) Maurício Júnior, mais conhecido como “Mauricinho”, embora tenha tentado esconder sua relação com os acusados da morte da vereadora e do motorista Anderson Gomes, uma captura de tela (print) de uma conversa comprometedora via WhatsApp revelou que ele era o responsável por vazar informações da investigação para os suspeitos. Entre os envolvidos, o ex-PM Ronnie Lessa, que é o acusado de ser o autor dos disparos.
No apartamento de Mauricinho, que fica localizado no condomínio Viva Viver, no Recreio dos Bandeirantes, Rio de Janeiro, foi alvo de um mandado de busca e apreensão que aconteceu na última segunda-feira, 24, durante uma operação do caso Marielle.
Ainda na segunda, 24, a Polícia Federal (PF) prendeu o ex-bombeiro Maxwell Corrêa, apontado na investigação como suspeito de envolvimento no crime. Outros seis mandados de busca foram cumpridos naquele dia.
De acordo com a PF, Mauricinho é suspeito de repassar informações sobre a investigação do caso Marielle para os executores do crime.
No radar da PF
Mauricinho entrou na mira da polícia sobre o caso Marielle ainda no ano de 2019, pouco antes de completar um ano da morte da vereadora e do motorista.
Em janeiro daquele mesmo ano, o Setor de Inteligência da Polícia Civil teria flagrado um encontro entre Mauricinho e Ronnie Lessa, que estavam na companhia do também policial Pedro Bazzanella, no Bar Resenha, na Barra da Tijuca.
Horas antes do encontro, Bazzanella e Élcio de Queiroz teriam prestado depoimentos sobre o caso Marielle na Delegacia de Homicídios. Segundo a investigação, antes e depois dos depoimentos, eles tiveram um encontro com Lessa no bar, e Mauricinho participou da última conversa.
Para a Polícia Civil, o objetivo do encontro era manipular os depoimentos.
A partir daí, os endereços de Mauricinho se tornaram alvo de mandados de busca e apreensão em março de 2019, durante a Operação Lume, a mesma que prendeu Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, ex-policiais acusados de executar a vereadora.
Na época, Mauricinho ficou sabendo da operação na noite anterior, através do amigo identificado como Jomarzinho, filho de um delegado da Polícia Federal.
De posse da informação, Mauricinho avisou os possíveis alvos, como Ronnie Lessa, e se manteve longe dos dois endereços em que a polícia cumpriria os mandados contra ele.
No dia seguinte ao da operação, o sargento Mauricinho compareceu voluntariamente na Divisão de Homicídios do Rio e entregou um celular Android aos investigadores, que não seria o mesmo que ele teria vazado a operação. O aparelho que ele utilizou para repassar informações sobre a operação era da marca Apple.
Print não some
Às 23h do dia 11 de março, ou seja, um dia antes da Operação Lume, Mauricinho teria recebido uma sequência de mensagens via WhatsApp de Jomarzinho, filho do delegado da PF. “Recebi um informe agora que vai ter operação Marielle amanhã”, dizia um trecho das mensagens recebidas.
Mauricinho teria então tirado um print do conteúdo pelo seu Iphone para enviar a informação aos envolvidos no crime, segundo a PF.
A investigação aponta que o sargento usava o aplicativo Confide, que apaga as mensagens após serem lidas, assim como ele, os suspeitos Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz também faziam uso do mesmo aplicativo.
Mesmo a mensagem sendo destruída, a polícia teve como comprovar que Lessa entrou no aplicativo Confide um minuto após Mauricinho falar que passaria a informação para a frente. Segundo a PF, foi neste momento que o vazamento das informações acabaram repassadas para Ronnie Lessa, que, logo depois, informou Élcio.
O print da conversa ficou arquivado na “nuvem” do Iphone de Mauricinho, tecnologia que permite acesso remoto a armazenamento de arquivos do aparelho celular. Com isso, mesmo que o print tenha sido excluído e destruído, ele permaneceu intacto na “nuvem”, que posteriormente foi acessada pela PF.
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