Na nova matéria da série “A Caixa Preta da Limpeza Pública em Parauapebas”, o Observatório de Licitações revela detalhes preocupantes sobre a empresa CCV Infraestrutura e Serviços LTDA, integrante do Consórcio RESSOL, responsável pela limpeza pública do município. A empresa protocolou pedido de recuperação judicial em março de 2025, no valor de R$ 37,4 milhões, e requereu inclusive justiça gratuita alegando dificuldades financeiras. Um mês depois, o Banpará moveu uma ação de cobrança contra a CCV no valor de R$ 27 milhões, por inadimplência de parcelas de um contrato de crédito empresarial.
Apesar da situação financeira delicada, a CCV foi contratada pela SEMURB de Parauapebas por meio de dispensa de licitação para executar serviços de limpeza pública no valor de R$ 34,8 milhões. O contrato foi firmado menos de dois meses após o pedido de recuperação judicial, levantando dúvidas sobre a capacidade técnica e financeira da empresa para cumprir suas obrigações. A matéria também destaca a atuação das sócias da CCV e adianta que o próximo capítulo investigará os serviços executados e a responsabilidade do fiscal do contrato.
Na continuação da série investigativa "A Caixa Preta da Limpeza Pública em Parauapebas", o Observatório de Licitações aborda agora a segunda empresa integrante do consórcio RESSOL, a CCV Infraestrutura e Serviços LTDA.
Na parte III desta série, o Observatório de Licitações abordou a empresa ALA Construções, que compõe o consórcio RESSOL com a empresa CCV Infraestrutura. Nesta matéria, foi abordada a surpreendente ascensão do empresário responsável pela ALA Construções, cujo patrimônio migrou de uma moto Dafra para contratos milionários pelo Pará.
Para ajudar na compreensão dos fatos, veja abaixo a síntese do contrato celebrado entre a SEMURB de Parauapebas e o Consórcio RESSOL, composto pelas empresas CCV INFRAESTRUTURA E SERVIÇOS LTDA e ALA CONSTRUÇÕES, COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA:
As sócias-administradoras da CCV - Do pedido de recuperação judicial em 10/03/2025 e do pedido de Justiça gratuita feito pela CCV
Composta pelas sócias-administradoras Amanda Couto de Oliveira e Caroline Oliveira Valério, a CCV está atualmente envolvida em uma situação complexa que coloca em dúvida sua capacidade técnica e financeira para execução do contrato público milionário com Parauapebas.
Em março de 2025, precisamente em 10/03/2025, a CCV entrou com pedido de recuperação judicial na 2ª Vara Cível e Empresarial de Ananindeua, no valor significativo de R$ 37.491.519,46 milhões de reais, requerendo inclusive justiça gratuita ao Poder Judiciário, alegando dificuldades financeiras para pagar as custas judiciais.
Veja a parte da ação de recuperação judicial na qual a CCV pede justiça gratuita:
Da dívida multimilionária com o Banpará (R$ 29.715.575,07) – Da ação de cobrança do Banco contra a CCV
Não bastasse o pedido de recuperação judicial realizado pela CCV ao Poder Judiciário, o que já colocaria em dúvida a possibilidade de a empresa executar o contrato da limpeza pública de Parauapebas, em 10/04/2025, exatamente um mês após o pedido de recuperação judicial, o BANPARÁ protocolou ação de cobrança contra a empresa CCV no valor de R$ 29.715.575,07 milhões de reais.
A dívida da CCV com o Banco do Estado do Pará (BANPARÁ) iniciou-se com uma operação de crédito empresarial denominada GIRO RÁPIDO, realizada em 06/08/2024, no valor de R$ 20 milhões, divididos em 10 parcelas mensais e sucessivas de R$ 2.417.524,81.
Devido ao inadimplemento das parcelas iniciais e aditivos contratuais subsequentes, somados a juros e encargos, o valor escalou para R$ 27.014.159,16 milhões em abril de 2025.
Com a inclusão dos honorários contratuais e judiciais, o montante total atingiu o valor expressivo de R$ 29.715.575,07 milhões de reais, resultando na ação de execução movida pelo Banpará contra a CCV.
Veja trechos da ação de cobrança do Banpará contra a empresa CCV Infraestrutura:
Interessante notar que o Banpará narra que tanto na assinatura do contrato de empréstimo, em 06/08/2024, de 20 milhões, com 10 parcelas mensais de R$ 2.417.524,81, quanto na repactuação, em 17/09/2024, quando o contrato foi ajustado para 5 parcelas mensais e sucessivas de R$ 5.311.750,22, a CCV nunca pagou nenhuma parcela do acordo com o banco.
Do contrato multimilionário com a SEMURB de Parauapebas por dispensa de licitação (R$ 34.812.644,16)
A sorte da CCV mudou completamente com a posse do prefeito Aurélio Goiano ao governo de Parauapebas, e da nomeação de Herlon Soares da Silva como Secretário de Urbanismo, em janeiro de 2025.
Recapitulando, em 10/03/2025, a CCV protocolou a recuperação judicial perante a 2ª Vara Cível e Empresarial de Ananindeua, no valor significativo de R$ 37.491.519,46 milhões de reais, e, em 10/04/2025, o BANPARÁ protocolou ação de cobrança contra a CCV cobrando o valor de R$ 29.715.575,07.
Menos de dois meses após esse pedido de recuperação judicial, em 02/05/2025, a CCV ganhou de presente uma dispensa de licitação da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos de Parauapebas (SEMURB) e celebrou um contrato multimilionário para limpeza pública do Município, no valor expressivo de R$ 34.812.644,16 milhões de reais, lançando sérias dúvidas sobre as possibilidade de executar tal contrato, tendo em vista os relatos feitos pela própria empresa CCV ao Poder Judiciário em relação a sua precária situação financeira no pedido de recuperação judicial.
Veja o resumo da linha do tempo das dívidas multimilionárias da CCV e até chegar na dispensa de licitação com a SEMURB de Parauapebas:
No próximo capítulo o Observatório de Licitações abordará os serviços já executados e a atuação e responsabilidade do fiscal do contrato.
O outro lado
O Observatório de Licitações enviou e-mail à empresa CCV Infraestrutura antes de publicar esta matéria, mas ainda não obteve resposta. Havendo retorno, o espaço para o contraponto será sempre garantido.
Acompanhe a série “A caixa preta da limpeza pública”
Acompanhe os próximos capítulos da série A caixa preta da limpeza pública do Observatório de Licitação do Jornal Pará. A sociedade de Parauapebas e do Pará precisam saber quem são os responsáveis por fazer a limpeza da cidade.
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