Após dez dias de programação em celebração ao cinema produzido na Amazônia, o Festival Pan-Amazônico de Cinema - Amazônia FIDOC encerrou as atividades com o anúncio dos filmes premiados. Com mostras competitivas de curtas e longas-metragens, ao todo 35 filmes participaram da 8ª edição do festival, que teve como tema "O cinema de todas as Amazônias na luta pela floresta em pé".
O acreano "Noites Alienígenas", do diretor Sérgio de Carvalho, e o amazonense "Segredos do Putumayo", dirigido por Aurélio Michiles, dividiram o prêmio de Melhor Longa-metragem da Mostra Pan-Amazônica. Noites Alienígenas - que traz a história de jovens da periferia de Rio Branco num contexto trágico de chegada das facções criminosas do sudeste do Brasil para a Amazônia - também foi o grande vencedor do Festival de Cinema de Gramado e teve sua primeira exibição no no norte do país, durante o AmazôniaFIDOC.
Já “Segredos do Putumayo” aborda as lutas das comunidades amazônicas por direitos diante de novas ondas de desenvolvimento lideradas pelo mercado, com a história da investigação de crimes contra comunidades indígenas cometidos pela Companhia Amazônica Peruana. A Menção Honrosa da categoria foi entregue ao longa peruano "Samichay, em busca da felicidade", de Mauricio Franco.
Na categoria de curta-metragem, o vencedor da Mostra Pan-Amazônica foi o peruano "Shirampari, A herança do rio", de Lucia Florez; com menções honrosas para o filme paraense "Benzedeira", de San Marcelo e Pedro Olaia, e para o matogrossense "Itinerário de cicatrizes", de Glória Albues.
A Mostra Amazônia Legal, por sua vez, teve como grande vencedor o longa "Uýra – A retomada da Floresta", de Juliana Curi. A produção amazonense acompanha Uýra, artista trans-indígena, em uma viagem pela floresta amazônica, um processo de autodescoberta que utiliza a arte performática e mensagens ancestrais para ensinar jovens indígenas e enfrentar o racismo estrutural e a transfobia no Brasil. A menção honrosa da categoria foi entregue ao também amazonense "Pistolino e O Filme Que Não Acaba Nunca", dirigido por Anderson Mendes.
O prêmio de melhor curta metragem da Amazônia Legal ficou com o filme acreano "Centelha", dirigido por Renato Vallone. "O filho do Homem", produção paraense de Fillipe Rodrigues e o amapaense "Utopia", de Rayane Penha receberam menção honrosa na categoria.
O público também pôde escolher seus filmes favoritos. Os paraense "Os Devotos de São Sebastião", dirigido por André dos Santos e Artur Arias Dutra e "O filho do Homem", de Fillipe Rodrigues ganharam respectivamente como melhores longa e curta-metragem pelo júri popular.
O festival também reconheceu os videoclipes produzidos no território amazônico. A Mostra de Vídeoclipe da Amazônia Legal teve como grande vencedor a produção maranhense “Chato”, do artista Marco Gabriel. O clipe “Vertical”, da paraense Inesita recebeu menção honrosa e "Anônimos" da banda paraense Acorde deNovo foi eleito pelo júri popular, em votação que ocorreu durante o Festival Se Rasgum.
CONSCIÊNCIA NEGRA
O encerramento do Festival Panamazonico de Cinema- Amazônia FIDOC também foi marcado por exibição de filme em alusão ao Dia da Consciência Negra. O curta-metragem "Não quero mais sentir medo", do diretor André dos Santos, traz a ancestralidade como fio condutor para um garoto de 15 anos que recebe a difícil missão de reescrever a história do povo preto. A produção é protagonizada por Fernando Ferreira, jovem quilombola do Quilombo Ramal do Piratuba, em Abaetetuba, em sua primeira experiência de atuação.
DA AMAZÔNIA PARA O RIO DE JANEIRO
Ultrapassando as fronteiras do território amazônico, agora o AmazôniaFIDOC segue para a cidade do Rio de Janeiro. De 12 a 18 de janeiro a capital carioca receberá 50 filmes de todas as Amazônias, com a presença de cineastas da região, mesas de debate e bate-papo com os realizadores.
É a primeira vez que o único festival de cinema com recorte pan-amazônico no mundo terá programação no sudeste do país. A iniciativa é uma parceria com o Estação NET Botafogo.