O Cine Olympia, cinema mais antigo em funcionamento no Brasil, completou 110 anos neste domingo, 24. O espaço está fechado desde 2020, situação que preocupa produtores culturais e cineastas paraenses. No mês passado, uma campanha nas redes sociais em prol do cinema foi iniciada. No começo de abril, a Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Urbanismo (Seurb), deu início às obras de reforma. Nesta semana, a Fundação Cultural do Município de Belém (Fumbel), que administra o espaço desde 2006, realiza o Festival Olympia em homenagem ao espaço centenário.
Realizadores pedem a volta do Olympia
O jornalista e documentarista Afonso Gallindo acompanha a situação do cinema há anos, esteve inclusive envolvido nas mobilizações a favor do espaço no início dos anos 2000, quando o Olympia passou a ser administrado pelo poder público. “Foi uma mobilização linda, vários grupos se mobilizaram na frente do cinema, fizeram intervenção, houve uma construção de um manifesto na última sessão de cinema, antes da mudança”, conta. Relação e preocupação com o Olympia que perdura até hoje. No mês passado, ele publicou um vídeo nas redes sociais onde pedia a volta do espaço, que está de portas fechadas há mais de 2 anos, desde o início da pandemia. A campanha ganhou força e foi aderida por outros produtores de cultura e realizadores audiovisuais do estado.
De acordo com Afonso, a ideia era chamar a atenção sobre as condições do cinema. “O espaço vem recebendo uma série de ações paliativas, mas nada de forma consistente, desde que passou a ser administrado pela prefeitura. É muito complicado perceber um espaço maravilhoso, patrimônio cultural da cidade e do Brasil, fechado e sem estar desenvolvendo sua atividade fim. Ainda mais no período de chuva na cidade, com essa umidade”, destaca.
Obras de recuperação
Na segunda semana de abril, a Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Urbanismo iniciou os serviços de recuperação da cobertura do espaço. De acordo com a prefeitura, o serviço realizado consiste na retirada das telhas e madeiras danificadas, recuperação e impermeabilização das calhas. A previsão de conclusão da obra, com custo de mais de R$ 228 mil, é de 50 dias. A Fumbel informou que essa é apenas a etapa de início da reforma do cinema, o telhado foi priorizado por ser o que estava mais comprometido. De acordo com a prefeitura, a gestão atual teria recebido o prédio, com graves problemas estruturais e na rede elétrica. Para o documentarista, apesar da demora da prefeitura em dar resposta à população sobre o espaço, há a expectativa de que as reformas anunciadas tragam melhorias. “O importante é que eles façam. A prefeitura demorou a responder, mas veio ao público dar satisfação, porque é isso que cabe a um órgão público, que tem a responsabilidade de gerir um espaço e isso não estava sendo feito. Tem que dar satisfação pra sociedade que paga os impostos”, ressaltou.
Comemoração dos 110 anos
Com o espaço de portas fechadas, a comemoração do aniversário do cinema será realizada no auditório do Memorial dos Povos. Durante os dias 26 a 28 de abril, o Festival Olympia terá exibição de filmes paraenses e debates com convidados. A entrada é franca e a programação inicia sempre às 17h. Confira a programação completa:
26/04 (Terça-feira) - Um dia qualquer, de Líbero Luxardo. Comentários: Michel Pinho, professor e historiador.
27/04 (Quarta-feira) - Amador, Zélia, de Ismael Machado. Comentários: Elza Rodrigues, jornalista, titular da Coordenadoria Antirracista de Belém (Coant) e militante do Centro de Defesa do Negro do Pará (Cedenpa).
28/04 (Quinta-feita) Transamazônica, utopias na selva, de Luiz Arnaldo Campos. Comentários: Luiz Arnaldo, cineasta.