20/04/2022 às 19h31min - Atualizada em 20/04/2022 às 19h31min

Angeli anuncia aposentadoria após 51 anos de carreira

Família do cartunista esclarece que Angeli recebeu diagnóstico de afasia, mas não abandonará a carreira de artista.

Fernando Moura

Foto: Redes Sociais
O criador de personagens icônicos como Bob, Cuspe, Rê Bordosa e Meia Oito, o chargista paulistano, Eduardo Angeli Filho, anunciou em suas redes sociais que irá se aposentar por motivos de saúde. Angeli que tem 65 anos e 51 deles dedicados à carreira de chargista, vai parar de desenhar seus tão famosos personagens após ter sido diagnosticado com afasia, doença degenerativa que compromete a comunicação. Em sua publicação, Angeli afirma que está se aposentando apenas da criação de quadrinhos, mas que continuará exercendo a sua atividade de artista e participando de eventos e outras atividades.

Com olhar sempre crítico e humor apimentado, Angeli se tornou referência nacional para quem trabalha ou deseja estudar a arte dos desenhos. Famoso por compor o grupo chamado Los 3 Amigos juntamente com Laerte e Glauco (este falecido em 2010), Angeli teve como referência em seu trabalho outros grandes nomes como Millôr e Ziraldo. Para a cartunista Laerte, o trabalho de Angeli contribuiu com uma cultura repleta de críticas para o diálogo da sociedade. “O Angeli tem o peso de um Pasquim inteiro em matéria de influência e significado de uma época. Ele é vital para a existência do que entendemos como humor”, afirmou a amiga e cartunista.


Referências
Para o ilustrador Vinicius Passos, a referência de Angeli na sua formação veio desde cedo, na década de 1990, quando saia da literatura infantil e começou a despertar interesse pelas obras nacionais. “Quando a gente estava começando a crescer e procurar materiais mais adultos, a gente tinha a opção de olhar os quadrinhos americanos da Marvel e DC Comics, mas a gente se divertia muito com as histórias do Chiclete com Banana que era produzido pelo Angeli e outros amigos. E isso era uma referência brasileira, em português, que estava mais próxima da nossa realidade, e me influenciou futuramente na decisão de minha profissão”, conta Vinícius. Para ele, o humor pesado em pleno clima político da era pós-ditadura é um legado que o Angeli vai deixar para a cultura brasileira.
“Belém é uma cidade que tem uma história muito grande com o grafite e a pichação, e eu me lembro que tinha muitas pichações do Bob Cuspe, que é um dos principais personagens do Angeli, justamente nesse momento em que o Brasil saía de um período horrível. O Bob era um cara que, como o nome diz, cuspia no que ele não concordava”, conclui o ilustrador.

Nova geração
O trabalho de Angeli continua influenciando pessoas a desenvolverem suas habilidades de desenhar para contar histórias, como o estudante de design Leandro Costa, de 19 anos, que desde criança já acompanha os traços do seu cartunista preferido. “Lembro que eu estava na 5ª série do ensino fundamental quando conheci as charges do Angeli. E eu já queria muito desenhar e fazer personagens tão únicos quanto os dele”, revela o estudante que se demonstra triste com a aposentadoria de Angeli. “O Angeli, assim como outros ilustradores brasileiros com certeza foi uma grande influência para a minha opção de curso.  Graças ao Angeli, tenho mais de 50 anos de história para estudar e me aperfeiçoar”, finaliza.

Afasia
Recentemente o ator e diretor norte americano, Bruce Willis também anunciou a aposentadoria precoce após o diagnóstico de afasia. A doença regenerativa atinge a linguagem, afetando a capacidade de comunicação verbal ou gestual. No caso de Angeli, a doença está em fase inicial, permitindo o tratamento com sessões de fonoterapia.

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