28/07/2022 às 11h41min - Atualizada em 28/07/2022 às 11h41min

​Belém é sede do X Fórum Social Pan-Amazônico (Fospa) de hoje até domingo (31)

A coletiva para anunciar o relatório sobre violações de direitos em nossa região marcou o início dos debates do Fospa hoje (28) pela manhã, na UFPA durante 2ª Assembleia Mundial pela Amazônia

Mayron Gouvêa

A coletiva foi transmitida ao vivo e pôde ser acompanhada por ambientalistas do mundo inteiro na página da Organização para a preservação ambiental. (Foto: Verena Glass/Xingu Vivo)
O maior objetivo do X Fórum Social Pan-Amazônico, realizado no Campus da Universidade Federal do Pará, no bairro Guamá, é discutir e debater problemas da nossa região amazônica, como os crimes ambientais, com  a presença de representantes de nove países que compõem a Amazônia, entre eles juízes internacionais.

Hoje (28) de manhã, desde às 9 horas, dentro das atividades paralelas do Fospa, foi anunciado por juízes do Tribunal Internacional da Natureza o relatório sobre violações de direitos, confirmadas in loco, em cidades paraenses, no período de 18 a 26 de julho.


A coletiva aconteceu nas dependências do Centro de Eventos Benedito Nunes da UFPA. Representantes dos povos originários, ao lado dos juízes, reforçaram crimes contra a natureza no Pará e até do Maranhão, atestados pelos magistrados presencialmente.



"Temos testemunhado muitas lágrimas, num verdadeiro genocídio ecológico. Estamos sendo atacados, estamos sendo mortos de forma proposital. Mas, o papel desse tribunal não é aplicar um conceito ocidental de justiça que tem a ver com vingança, punição! Sabemos que colocar alguém na cadeia não vai ajudar um rio. Nossa visão é de justiça restaurativa, ou seja, de restaurar o relacionamento entre o ser humano e a natureza",  esclareceu Cormac Culliman, Juíz do Tribunal e Advogado Ambientalista da África do Sul.



"Com a água, o rio morto, sem peixe, não há trabalho, nem comida e nem renda, e isso é uma contradição. Nós do tribunal, nessa visita, temos visto despejo das pessoas da terra, o que afeta a identidade do ser. Nosso objetivo é fazer caminhar a palavra, para que chegue até o governo, o fundo monetário internacional, até o congresso, para que todos conheçam essa realidade", afirmou a juíza Blanca Chancosa ao revelar ainda que "podemos passar uma semana, um mês sem alimento, mas a água nós precisamos todos os dias. E nós, quando defendemos a água, ainda somos taxados de terrotistas, mas devemos nos perguntar quem é o terrorista? Quem está defendo a água, a vida, a natureza, a floresta ou quem a está destruindo?", questionou.

"Tem uma racionalidade centrada no pensamento europeu que diz que sugere que os humanos podem determinar o rumo da terra, desse organismo que é o planeta. E a colonialidade é tão radical que ela imprimiu o pensamento dos povos latino-americanos de parar de tratar a terra como nossa mãe e admitir o tratamento à terra como se ela fosse uma coisa. A terra está com febre", ressaltou Ailton Krenak, Juíz do Tribunal que é líder Indígena, ambientalista, filósofo, poeta e escritor brasileiro.

O relatório vai ser encaminado à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal, além das diversas esferas da justiça nacional e também enviado às instituições de pesquisa. O documento será amplamente divulgado em português, espanhol, inglês e francês e deve chegar à Organização das Nações Unidas e diversos organismos nacionais e internacionais que lutam em prol da defesa ambiental.

Marcha e cerimônia de abertura oficial

Hoje à tarde (28), com concentração marcada para 16 horas, na Escadinha da Estação das Docas, acontece a marcha pelas ruas de Belém até a Praça Waldemar Henrique onde acontece o Ato de Abertura do Fospa a partir das 18 horas.

Dentro da programação, várias palestras irão compor o Fospa, levando a um momento de luta e organização dos povos e movimentos sociais da Pan-Amazônia. 

Entre os temas está a crise climática, a defesa da floresta, a grilagem de terra e a destruição da sociobiodiversidade, entre outros.

Os amazônidas têm o direito de falar sobre o seu futuro, mas queremos muito a solidariedade também de quem não é da região", comentou o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, quando do lançamento da programação.

O Fospa está organizado em sete temáticas: Casas de Saberes e Sentires; Grandes Eventos; Atividades Autogestionadas; Plenárias; Atividades Culturais; Tendas; e Atividades Coligadas.   

Casa dos Saberes e Sentires

É um espaço temático inspirado nas casas centrais construídas dentro das comunidades indígenas. O espaço vai reunir movimentos, articulações e povos de toda a Amazônia e está dividido em cinco casas: Casa do Bem Comum, Casa dos Povos e Direitos, Casa de Territórios e Autonomia, Casa da Mãe Terra e Casa de Resistência das Mulheres.

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